Deus insiste....

No verão passado soube que o Dominismissio ia ser no Pedrógão Grande e pensei “não me sinto preparada para ajudar estas pessoas que perderam tudo nos incêndios. O que é que eu lhes vou dizer? Como é que devo reagir? Como é que se consegue consolar e apoiar estas pessoas?” Como achei que não conseguia optei por não ir.
No Dominismeeting pensei que a parte do voluntariado ia ser apenas ir a um lar falar com os idosos e que por isso não era assim tão difícil. No entanto não me calhou ir a um lar, mas sim ir a casa de uma família que tinha perdido os dois filhos nos incêndios. Foi aí que percebi que não vale a pena fugir. Se Deus nos pede alguma coisa é porque sabe que conseguimos, mesmo que nós pensemos o contrário. Na viagem até à casa onde vive a família que fomos visitar surgiram-me as mesmas questões que tinham surgido quando soube onde era o Dominismissio do ano passado. Estava nervosa e com medo de não conseguir ajudar, mas ao mesmo tempo pensava “se Deus me pôs aqui é porque sabe que estou à altura do desafio e me vai ajudar a conseguir”.
Eu praticamente não disse nada enquanto estivemos com esta família e por isso achava que não tinha sido útil, mas quando nos despedimos reparei na alegria com que ficaram e o quão gratos estavam por termos passado por lá. Entendi que o objetivo não era falarmos muito, mas sim estarmos presentes, escutá-los e mostrarmos que podem partilhar connosco a sua dor para ser mais fácil de suportar. Percebi como é importante mostrar àquela família que não estão sozinhos e que têm o apoio de várias pessoas para conseguirem lidar com o sofrimento pelo qual passaram e continuam a passar.
Na vigília que fizemos no sábado à noite, o tema era a cegueira e foi utilizado para meditação a passagem da escritura em que Jesus cura um cego. Uma das perguntas que surgiu foi “Quais são as tuas cegueiras?”. Nesse momento tomei consciência de algumas das minhas cegueiras que me impedem de arriscar. Depois de reconhecer o que nos impede de conseguir ir mais além, torna-se mais fácil tentar mudar. Se conseguirmos controlar o nosso medo de errar, as nossas inseguranças e a nossa sensação de que não somos capazes, conseguimos confiar mais e não ter tanto medo de arriscar.
O Dominismeeting deste ano superou todas as minhas expetativas. Surpreendeu-me positivamente porque senti que estava no sítio certo à hora certa, que cada meditação e experiência coincidiam com o que precisava de ouvir e viver naquele momento.
Ana Sofia Mercês

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