Em casa fora de casa
Desde agosto de 2021 que parti numa nova aventura, a aventura de ir estudar para fora do país. Tudo começou em dezembro de 2020 quando tinha acabado de começar a estagiar e estava já a planear o meu próximo passo de modo que ao acabar o estágio pudesse continuar os meus estudos.
Desde sempre que imaginei o meu percurso académico em Portugal, mas ao
pesquisar por mestrados, descobri que havia um mundo de possibilidades que não
estava a considerar e quando vi o curso de International Business na Finlândia,
decidi arriscar. Arrisquei com a coragem de quem queria conhecer novas realidades,
mas com confiança nula de poder ser considerada.
No entanto, entrei.
Entrei num curso com o qual me revia a 100%, mas e agora? Como é que é
suposto mudar-me para uma pequena cidade num país no outro canto da Europa
durante 2 anos? Este foi um momento de grande entusiasmo, saber que ia explorar
uma nova cultura e que ia conhecer novas pessoas, e este entusiasmo durou meses,
mas nos 2 dias antes de partir chegou a ansiedade. E aí, num tom mais sério
voltei a perguntar-me “Como é que é suposto mudar-me para uma pequena cidade
num país no outro canto da Europa durante 2 anos?”. Não sabia o que esperar,
não sabia o que levar, não sabia como me despedir ou como lidar com a longa
viagem que tinha pela frente.
No dia D, depois de um dia inteiro a viajar, cheguei a Vaasa à meia-noite.
Era uma sexta-feira e não havia ninguém na rua, não havia nada aberto e tudo à
minha volta estava escrito numa língua estranha. Aqui soube que, de facto, ia
ter uma experiência bastante diferente da qual estava habituada. E assim foi.
As tarefas que considerava rotineiras passaram a ser um desafio, como, por
exemplo, ir às compras que exigia sempre um tradutor na mão porque quem é que
adivinharia que “valkosipulijauhe” significa alho em pó? Mas o que tenho ganho
com estes desafios faz com que tudo valha a pena. Conheci pessoas incríveis,
tenho acesso a uma educação inigualável, adaptei-me a novos costumes e tenho o
prazer de viver no meio da natureza. Nos últimos meses vi quase todas as
estações do ano refletidas na natureza, tive o Outono mais bonito de sempre e
um Inverno branco como nunca tinha visto.
Se me sinto em casa aqui? Sim. As pessoas à minha volta acolheram-me e
fizeram-me sentir saudades quando fui passar o Natal a Portugal.
Se sinto saudades de casa quando estou aqui? Sim.
E é aqui que entra a parte complicada porque tenho o privilégio de estar a
viver uma experiência única, uma vida diferente com pessoas diferentes da qual
tenho saudades porque é o início da minha carreira e é entusiasmante. Por outro
lado, tenho as minhas raízes, as pessoas que me acompanharam até este momento e
que foram e sempre serão partes fundamentais de mim. Em ambos os lados me sinto
em casa. Em ambos os lados sinto saudades. É o dilema de estar em casa fora de
casa.
- Inês Borralho
Muito corajosa Ines que Deus lhe continue a dar muita coragem num mundo que continua a Ser sempre D'ele. bjs
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