O meu pai

Dedico a todas as pessoas que não têem o melhor pai do mundo, 

ou pelo menos, assim se sentem... E quem diz pai, diz mãe... 

Dedico também a todos os pais e mães que não são/ou pensam não ser o melhor pai ou a melhor mãe...

Igreja de Peniche

Em criança lembro-me de ter ido uma vez sozinha com o meu pai à feira e umas 2 vezess ao jardim, ao parque infantil…. Foi algo tão igual às minhas colegas, mas tão raro e por isso tão precioso, que guardo até pormenores do vestido que levava, ou de umas canecas que comprámos.

Enquanto as minhas colegas contavam as coisas que faziam ao fim-de-semana com os pais, eu contava do bolo ou um bordado novo que fazia com minha mãe… Ou da missa... O meu pai estava lá… Mas tinha a horta, que o campo não conhece fins-de-semana, ou férias… Eu sabia ter o melhor padrinho (e madrinha) do mundo, recordo-me do meu padrinho, ao contrário do meu pai, se baixar, para falar comigo, ou andar comigo no chão, ou retirar rebuçados do meu nariz! Ah sempre soube que a melhor mãe do mundo era a minha, às vezes achava que foi esse o motivo para ela ir tão cedo para o céu! o meu pai estava lá, a cada noite, mas sempre cansado, que a vida do campo é dura... que eu não o devia  incomodar....

E quando a minha mãe partiu, ficamos os dois, sozinhos, sem ninguém a servir de intermediário… Mas passado uns meses o álcool falou mais alto e foi ocupando, durante muitos anos, aquele lugar que era do meu pai… E por um lado achava que também o estava a perder, mas como perder o que não tinha?

E o tempo passou, e contamos quase 30 anos que deixou o vício. E foi preciso um perdoar… Um reaprender a presença e o papel do outro. Darmo-nos a conhecer um ao outro… Ajudá-lo num processo de algumas doenças e alguma fragilidade. E perceber que o meu pai nunca foi, nem poderá ser, o pai que eu gostaria ou idealizei, mas que foi de quem precisei para ser quem sou….

E por causa da pandemia, voltámos a morar juntos, faz 2 anos, e se deixou o vicio por amor a mim, também é esse amor que foi crescendo. Mas aprendi a aceitá-lo com as suas fragilidades. Aprendemos a aceitar quemcada um é  a viver o presente. Do pai sempre soube que herdei os defeitos, mas fui descobrindo em comum o humor sagaz, o coração grande pronto a ajudar… E não deixa de me surpreender pela capacidade de adaptação e, creio que me ensinou uma das lições mais importantes da vida, com a motivação certa, as pessoas podem mudar… Claro que a vida não é uma reta em sentido ascendente, mas feita de altos e baixos.

E agradeço a Deus o pai que descobri e que aprendi a amar… Sei que nem todas as histórias são tão felizes como a minha, mas só o amor e uma paciência infinita podem provocar a mudança e, só o perdão pode integrar o passado e abrir-nos ao futuro.

Hoje dia em que todos publicam fotos dos pais ou de São José, nome do meu pai, eu partilho este texto, porque muitos, guardam no coração, que não têem o melhor pai do mundo e outros nem conhecem nenhum…  Que aprendamos a substituir o porquê no para quê… E a ter a certeza que Deus é Pai e nos ama com um amor infinito e esta certeza fará toda a diferença! 

Feliz dia do Pai…. São José rogai por nós… 

Ir. Flávia Lourenço,op


Comentários

  1. graças a Deus, porque tenho um bom pai e uma boa mãe. Obrigada Senhor pelos meus pais.

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