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O olhar, o amor, o regresso e o refugiado

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O sair de casa por si só é já uma aventura.  Saímos sem saber bem o porquê. Saímos sem saber ao certo o que nos motiva. Saímos sem saber o que levar. Saímos simplesmente porque nos apetece. Mas uma coisa nós levamos: o nosso olhar, e esse, vale o que vale e vale muito.   O olhar que por vezes nos engana e nos faz chorar, mas aquele que nos permite vivenciar e amar. Um peregrino, com a capacidade de ver, se estiver disponível a "ver" vê tudo, nada lhe passa ao lado. Vê o bom e o mau, vê a alegria e vê a tristeza, vê o amor e muito amor Nos albergues, a partilha de histórias com aqueles que falam a mesma língua, ver a atitude e os gestos que os peregrinos têm uns para com os outros.... dentro de nós fica um misto de emoções. Se estamos com bolhas e com alguma dificuldade em rebentá-las (como eu), eis que aparece uma Helena (poderia ser uma rapariga qualquer com outro nome, mas esta ficou-me no coração!) e se oferece para nos ajudar. Como sou frágil e há coisas que ainda

Diário de um Peregrino: A chegada a Santiago

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O dia começa cedo, bem cedo. Santiago já quase se consegue ver lá bem ao longe. A ansiedade de chegar é muita. Os 33km de caminho e os metros de paisagem que faltavam não nos desaminaram, pelo contrário, ainda nos deram mais forças para continuar   Saímos do Albergue de Valga por volta das 5h:15m. A essa hora só um grupo de ciclistas estava a pé, também prontos a sair. Estes eram de Valongo.  Fizemos um ligeiro aquecimento e.... Santiago, aqui vamos nós!  No caminho, a esta hora da manhã só a escuridão nos acompanhava. Ao longe a lua tentava iluminar e passar por entre as folhas das árvores. O som dos animais e do rio a correr, a luz da lanterna, o olhar e audição atentos para tudo o que nos poderia aparecer. A atenção estava ao mais alto nível. Mas, seria necessária tanta atenção?  Já quase a terminar o caminho na floresta apareceram-nos lobos não.....eram os nossos amigos ciclistas de Valongo, como demoraram mais tempo a sair depois, era natural que viessem a passar por nós

Diário de um Peregrino: Epidemia em Guimarães!

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De Caldas ao Albergue de Valga ainda são alguns quilómetros (12km para ser precisa!), mas.... tenho para comigo que neste sábado, 11/06, a minha querida e linda cidade sofreu uma epidemia. Mais do que Tugas de bicicleta a passarem por nós e nós por eles, estes para mim eram especiais, eram Vimaranenses!!!! Num determinado momento do Caminho eu já nem dizia nada, pois quase já poderia adivinhar de onde seriam.  Tudo começa pela manhã, com a bandeira do Vitória. Mais tarde, já em Caldas, senhores que passaram por nós, onde as camisolas tinham símbolos como o Castelo de Guimarães, o coração da Capital da Cultura 2012, o próprio D.Afonso Henriques.... lindo de ver! E depois destas imagens, eis que havia uma personagem, e quase sempre de braços no ar (não me perguntem porquê, nem sei de quem estou a falar ) que gritava: "Vitória.....Guimarães......Eu sou de Guimarães.....Bom Caminho...." e eis que, se passavam a 200km/h não diziam nada; os que passavam a 160km faziam ; os qu

Diário de um Peregrino: Parte V

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Depois de uma noite de descanso merecida, o Caminho aguardava-nos. Saímos de Pontevedra por volta das 6.20h. A nossa 3ª etapa seria: Pontevedra - Caldas del Rey (ir até ao tanque de água quente) - Albergue de Valga..... ai Jesus (não o treinador ), à volta dos 36 km e um par de metros de paisagem! Entre ouvir a natureza e conversas de mulheres , a primeira paragem foi no Café do "T", que fica numa curva, por volta das 9h. a paragem serviu para tomar o pequeno-almoço, carimbar as credênciais e wc. Os tradicionais alongamentos foram feitos com o senhor do café a mandar bocas e eu a dizer que sim....não estava a perceber nada, acontece. Depois do merecido café, Caldas.....aqui vamos nós. Não pensava noutra coisa a não ser "pôr os pés de molho"! E sabe tão bem..... Chegamos a Caldas por volta das 12h. Andamos bem, pois do Café do "T" até Caldas ainda são alguns km. Ponto da situação em Caldas del Rey:  - alongamentos: check;  - senhor sénior Tuga

Diário do Paregrino: Parte IV

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Almoço em Arcade, com 20km feitos!  Numa peregrinação tudo é importante: o convívio, o ouvir e partilhar histórias, a oração, e a cima de tudo, a alimentação. Por isso, a hora de comer é sagrada! Em Arcade, e com umas sandes e maçãs (as sandes já eram tostas e as maçãs estavam assadas da viajem, porque iam expostas ao sol.. ... isto de ser peregrino até tem as suas vantagens.... não é qualquer um que come maçã assada e tosta   Depois de abastecer o corpo (onde estivemos paradas cerca de meia hora), foi altura de voltar à estrada. Os pés já se queixavam um pouco, e comentamos que muito provavelmente já tinhamos bolhas. Quando a Irmãzinha via um monte de erva cortada dizia: "Olha que bonito tapete para eu passar " ou então dizia: "Deixa ver se este sitío é mole "   Assim, entre o pisar alcatrão e passar por cima de erva cortada, fizemos mais 10km e chegamos a Pontevedra! Chegamos ao albergue às 16.30h. (até não demorámos muito tempo a fazer o Caminho.)