Emoção
Hoje, dia 28 de março de 2017, a paróquia do Rosário
rececionou a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. A emoção quase que me
dominou e as lágrimas pareciam querer cair. Segurei-as! Afinal ainda não
chegámos ao fim da nossa missão e ainda há muito a fazer nestas terras.
A tarde de hoje foi passada na
visita aos doentes que pediram a confissão, acompanhando o Pe. Luís Santos
nesta missão. Muitos há mais de 50 anos que não se confessavam. A última vez
que o fizeram foi quando se casaram e já lá vai muito tempo. A confissão é um
sacramento esquecido… não se sabe bem para que serve e muitos não acham que
precisam dele. Outros pelo contrário, os que tiveram catequese na infância, ou
mais formação cristã, reconhecem a sua importância e tem pena que o padre não
venha mais vezes para se confessarem.
Ao todo são sete paróquias e o
pároco está há menos de um ano nelas, pelo que ainda não conhece todo este
imenso rebanho. E nos últimos anos passaram por aqui muitos padres o que ajuda
a esta ausência da frequência de sacramentos. A messe é grande e os
trabalhadores são tão poucos!
As visitas aos doentes deixam-nos
sempre marcas. Em cada casa uma história, uma vida diferente. Em muitas
encontramos gente quase analfabeta, que pouco foi à escola e que muito tempo
passou no campo, pois era aí que abundava o trabalho. A catequese se a tiveram
foi pouca, a suficiente para fazer a primeira comunhão, contudo a vida de
oração abunda. As orações ensinadas pelas avós e pelas mães permanecem na
memória. São essas que ainda hoje rezam, além do terço e assim se sentem
próximas de Deus. Ir à missa já é mais difícil, pois a igreja fica longe e as
pernas já não são como antes. Fosse eu nova e ainda ia. – Ouve-se várias vezes.
Agora abeiram-se das portas e janelas e veem passar a procissão.
E pouco passava das 20h, quando
chegou vinda de Terena a imagem peregrina. No local marcado aguardávamos a sua
chegada, tudo a postos para começar a procissão. As pessoas foram-se juntando e
caminhamos ao longo das ruas iluminadas por velas no chão que nos indicavam o
caminho. Às portas e janelas víamos os doentes que visitámos. Permaneciam em
silêncio, de lágrimas nos olhos. É Maria que está a passar diante deles, quem
sabe pela última vez na sua vida. É Maria que vem e que trás seu Filho até nós.
É Maria que tal como muitos deles sentiu a dor de perder o seu filho amado,
experimentou o sofrimento e é agora para cada um auxílio nas adversidades, na
doença, na solidão, no sofrimento.
Maria passa e toca os corações de
todos. No final a igreja encheu-se para a celebração da Eucaristia. Deus veio e
habitou no meio de nós. Ele está aqui e convida-nos a voltar domingo após
domingo. Às vezes pode ser difícil, mas desistir não pode ser opção. Arrisca!
Ir. Ana Margarida Lucas
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