O mês dos girassóis

“Não podemos prever o que vem a seguir, depois de mais um passo ter sido dado. Parece que uma força irresistível e invisível nos impele a agir e feliz serei se estiver sempre pronta a seguir estes suaves impulsos”.
Teresa de Saldanha

Foram muitos os passos que foram dados até este momento, em que completo um mês em terras timorenses, um mês a viver esta nossa missão. Cada dia é sem dúvida uma tremenda surpresa e resta-nos ser girassóis, deixando-nos guiar pela fonte de vida que Ele é, que nos inspira sempre.
Torna-se caricato como esta imagem do girassol me acompanhou durante todo este mês. Primeiro, no aeroporto de Singapura, naquele “Jardim dos Girassóis”,  onde, em oração, me dispus completamente nas Suas mãos para que, com a Sua graça, pudesse sempre ser as Suas mãos. Ser um pequeno girassol em busca da Sua luz e calor, ser um pequeno girassol que se ergue ao Sol, quer acreditar e só assim se consegue dar como alimento às abelhas. E, para terminar, quando decidi mostrar o filme “José, Rei dos Sonhos” e o girassol é a flor da terra de Canãa, a flor que é casa. “As flores buscando a luz do Sol, são bênçãos naturais, mas nenhuma se sente a melhor, são todas especiais...” A forma como, quando estamos de facto com Ele, vamos aprendendo a olharmo-nos como Ele nos olha... de uma forma especial, que nos faz sentir que também poderemos ter algo de especial a deixar! Sei que o que deixo poderá não ser mais do que a simples lembrança de uma canção engraçada (O Abubué tem sido um sucesso!) ou de um ataque de cócegas que os faz rirem-se (tão belamente) até mais não... mas consola-me saber, que naquele instante, houve felicidade na nossa partilha ☺
E nisto, foi um mês bem bem amarelo, desta cor do girassol e do Sol; da alegria, do verão, do dar fruto; do ouro, das coisas valiosas, das coisas essenciais. Que começa diariamente com a beleza do amanhecer a caminho da eucaristia das 6h30 e continua com a dinamização de atividades para as crianças do centro do ATL do Remexio e de comunidades mais isoladas, aonde as irmãs se deslocam semanalmente, bem como pelas aulas de música e a catequese às noviças. Num dia-a-dia atarefado, com momentos de paragem e oração, na certeza de chegar realmente a casa no final do dia, pelo carinho, familiaridade e partilha com as irmãs, que me souberam acolher maravilhosamente. Num dia-a-dia cheio de vozes amorosas a chamar pela Mana Ana, de crianças que me procuram e convidam para brincar com elas, que me querem nas suas equipas, que, cheias de confiança, já me abraçam e pegam pela mão de surpresa, que já se metem a falar comigo sem fim em tetum como se eu percebesse tudo. (aos pouquinhos a aprender e arriscar!) Num dia-a-dia repleto de ternura, mais 5 e rodopios sem fim ☺

Foi sobretudo um mês vivido com a serenidade de sentir estar onde Ele quer que eu esteja. “Se connosco Vos quereis, só convosco nos queremos”. Um mês a adormecer constantemente com um sorriso rasgado e um brilho no olhar de gratidão, um mês a viver o mais possível com o vigor e a confiança no amor de um pequeno girassol muito especial. 
Ana Emanuel Nunes 

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