ENTRE TANTOS - Ser Emanuel

Muitos já me conhecerão, mas para quem me está a ler pela primeira vez: Olá, muito prazer, sou a Ana Emanuel Nunes
A minha história começou há 28 anos quando dois enamorados que trocavam cartas e namoravam a três disseram o seu “sim” e quiseram ser rosto do amor de Deus na vida um do outro na reciprocidade total. Fruto deste amor, um a um vieram a este mundo três bonitos rebentos que ficaram gravados desde início com o nome mais bonito: Emanuel. Sim, os meus pais levaram à letra “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel”. O David Emanuel, a Sara Emanuel e a Ana Emanuel cresceram juntos, no meio de zangas e cumplicidades, em casa, nos escuteiros, na escola e no conservatório de música, unidos por este nome para sempre.


Na escola, naturalmente sempre fui a Ana Emanuel, pois no meio das Anas Carolinas, das Anas Ritas e das Anas Sofias as professoras tinham que me distinguir. Por outro lado, nos escuteiros e no conservatório, sempre fui a Ana Nunes, a mais nova dos irmãos Nunes. Confesso que não ter o mesmo nome em todo lado era algo que me metia alguma confusão, fazia-me quase sentir que era duas pessoas, uma coisa num lado, outra no outro. No 9º ano, tive umas colegas que me obrigaram a aderir ao Facebook, não era mais possível que continuasse desconetada do mundo. Criaram tudo, foto, password e quando chegou ao nome surgiu o dilema: Ana Emanuel ou Ana Nunes? Bastava disto, se tinha poder sobre alguma coisa que fosse em finalmente poder juntar e ser a Ana Emanuel Nunes. 
Com a vinda para a universidade de Aveiro, uma cidade diferente daquela onde os meus irmãos já seguiam os seus estudos universitários, sinto que o meu caminho levou uma reviravolta. Tinha sido um trinta e um decidir-me pois tinha duas hipóteses a jogo mas tive que confiar e Estar onde manda o coração. Aveiro! Uma bela oportunidade para ser só eu, a Ana Emanuel Nunes, não a irmã que foi seguindo naturalmente as pisadas dos irmãos pois faziam sentido para si também. A Ana Emanuel Nunes cheia de sonhos, ousada para trilhar o seu próprio caminho, a Ana Emanuel Nunes clarinetista cheia de vontade de se aprimorar e de ter oportunidades de se apresentar em público, que queria era tocar e aproveitar esta nova fase de independência, de liberdade. Queria urgentemente Meter mãos à obra! 


E o meu caminho levou uma reviravolta ainda maior quando participei no retiro do Centro Universitário Fé e Cultura e a partir daí quis assumir o ser cristã e ser Igreja, o compromisso do meu Crisma, quis fazê-lo na Universidade, aceitando os desafios que me foram propostos, aceitando dar a cara e a vida por Jesus que me orientava cada vez mais. No fundo, Aceitar ser amada e saber-me capaz do infinito. 



Depois de integrar o Voluntariado Teresa de Saldanha e de experiências de missão, não consegui ficar indiferente ao meu sorriso, que via tão rasgado, tão sincero, tão aberto ao mundo e à surpresa perante o poder estar para os outros. Mais, sabia que poder sorrir assim era uma graça que valia a pena tentar viver em todas as dimensões da minha vida, sabia que era necessário Nascer diariamente para a alegria, aprendendo a pôr-me ao serviço e estar mais com os outros. Não a alegria eufórica, não a alegria do sorriso 100% desenhado, mas a alegria da presença discreta que (nos) abraça. Poder partir para junto dos meus meninos timorenses ou para os meus idosos bastante dependentes com quem realizei o meu projeto de mestrado, poder partir para os meus alunos dos 0 aos 24, poder partir para a minha família (que tantas vezes é o mais difícil…) e saber-me viva. 


Unir os dons recebidos, poder olhar-me com os olhos de Deus exigiu uma redefinição do meu projeto de vida que passava agora pela educação e pela música na comunidade. E que poderá continuar a passar por muitas mais coisas desde que me disponha a ser barro frágil nas mãos do Oleiro. O meu percurso académico acabou, o profissional começou a todo o gás e unir os dons recebidos significa pôr a render tudo o que foi experiências e aprendizagens, levada pelo Espírito Santo, com confiança, criatividade e caridade. Significa saber-me forte na aliança de todos estes dons e saber-me confiante na presença do Senhor para ultrapassar todas as barreiras que vierem a aparecer.



Aveiro, o epicentro de todas as minhas vivências dos últimos 5 anos, que emanaram as suas ondas até ao outro lado do mundo, literalmente, foi um Encontrar partes de mim que o Deus-Amor ia revelando aos poucos, no meu próprio tempo. Vivi este período de descoberta pessoal com as pessoas fantásticas junto a quem o Deus-Amor me quis ver crescer. Foi encontrar todas estas partes, em relação, e sentir-me Ana, Emanuel, Nunes em pleno e saber-me portadora de um nome com uma mensagem poderosíssima que traz responsabilidade mas também muita liberdade.
Ana Emanuel Nunes ou, por outras palavras, a graciosa Deus connosco filha do Nuno. Ou, como quem diz, ter raízes numa família que é o mais belo ninho de amor que me dá asas para voar. Ou como quem diz, pedir a graça da fidelidade ao Evangelho, mesmo naquilo que é mais pequeno, para ser realmente testemunho coerente deste Deus que se fez homem por nós e que continua vivo porque nos quer habitar e fazer brotar do nosso coração a felicidade autêntica. 


Resta-me pedir-lhe que continue a quer tomar o pouco que tenho, o nada que sou e, com a Sua graça, o transforme no muito que Ele tem, no tudo que Ele é. Resta-me Levá-Lo para onde quer que vá. É tudo o que Ele me pede. É tudo o que Ele nos pede. Que sejamos EMANUEL.


Oração
Hoje te peço, Senhor, a graça de poder:
Estar onde manda o coração
Meter mãos à obra
Aceitar ser amada
Nascer diariamente para a alegria
Unir os dons recebidos
Encontrar partes de mim
Levar-Te para onde quer que vá!
Sei que em Ti, tudo posso.
Que contigo em mim, possa ser verdadeiro Deus-connosco e caminhe rumo à plenitude de Amor que És. 
Ámen.  

Ana Emanuel Nunes 


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