A minha história
Santo António da Serra,
27 de Maio de 2020
Filha
de João de Freitas Bettencourt e de Maria dos Reis, nasci no sítio da Ribeira
de Machico, Freguesia de Santo António da Serra, Concelho de Machico, numa
pequena e humilde casa coberta de palha. Os meus pais já estavam algum tempo
casados mas não tinham filhos. Isso causava-lhes tristeza pois viam os anos
passar, a minha mãe já tinha quase 40 anos. Quando pensavam que se iam sem
filhos, Deus premiou-os com uma primeira menina. Depois mais um menino e ainda
outra menina. Tiveram três filhos. Agora sim, tinham tudo para serem felizes.
Nascida
a 21 de Maio de 1948, fui batizada na Igreja, dedicada a Santo António, a 27 do
mesmo mês e do mesmo ano. Faz precisamente 72 anos.
É
com grande alegria e com grande emoção que vivo este momento.
Agradeço,
ao Sr. Padre, à minha comunidade e a todos os que tornaram possível esta ação
de graças
Como
surgiu esta vocação?
Os
meus pais eram profundamente cristãos. A minha primeira catequese foi em casa.
Eles falaram-me muito de Deus e da vocação religiosa. Mas foi na Igreja do
Santo da Serra que sem o saber, estava a ser tocada por Deus.
Com
8 anos, eu não tinha consciência disso, pois sempre que me falavam em ser
“irmãzinha” eu respondia que não. Por dois motivos: 1º - Não gostava de rezar.
2º - Não queria separar-me dos meus pais. A ideia de não poder vir a casa não
me atraía. Com 8 anos eu já tinha recebido os sacramentos de Iniciação Cristã.
Um
dia fui confessar-me. Após a confissão ajoelhei-me em frente do altar de nossa
Senhora. A imagem tinha um fato até aos pés e com umas mangas compridas e
largas. Do outro lado estava S. Francisco Xavier. Na capela-mor estava santo
António. Fiquei espantada a olhar para estas três figuras e murmurei: Quem me
dera ter um fato desses e com umas mangas assim largas! Depois de algum tempo a
olhar e contemplar aquelas imagens, murmurei de novo: Não pode ser, esse fato é
só para os santos. E este desejo adormeceu dentro de mim como coisa impossível.
Aos
16 anos e levada por uma amiga, conheci um Hospital Pediátrico no Funchal. Era
a Fundação Cecília Zino, que acabava de ser Fundada com a “Alta Missão de
cuidar das crianças pobres.”
Saí
de casa com grande curiosidade de conhecer as Irmãs que lá trabalhavam e com o
desejo de lá trabalhar também. Eu estava convencida que eram as Irmãs Vitorianas
pois eram essas que eu conhecia no Hospital do Monte.
Ao
entrar na Fundação levaram-me ao gabinete da superiora. Eu nunca tinha visto
aquelas Irmãs. Imaginei-me no meio dos anjos. Que coisa tão linda! Baixei a
cabeça e ao levantar de novo os olhos para aquelas Irmãs, reparei numas mangas
largas, parecidas com aquelas que, anos antes, vi nas imagens da minha igreja. O
meu coração soltou um grito interior: Ai
as mangas.
E
foi assim. Deus prendeu-me pelas mangas: Eu que até então, rejeitava a ideia de
ser religiosa, neste momento, todos os obstáculos caíram por terra. E sem
deixar de pensar que estava no meio dos Santos, senti que Deus me envolveu na Sua Grande e Doce Misericórdia. E foi
assim que pedindo a misericórdia de Deus e das Irmãs, entrei na Congregação das
Dominicanas de Santa Catarina de Sena, Fundada por Teresa de Saldanha Oliveira
e Sousa.
Por
volta dos meus 13 – 16 anos eu sonhava com um bom casamento Um bom marido. Ter
muitos filhos e uma casa grande onde pudesse abrigar muita gente. Por opção não
casei e por opção fiz votos de Pobreza, Castidade e Obediência. Porém Deus
concedeu-me a graça de exercer a minha missão em casas grandes, onde acolhi
muita gente e onde tive muitos filhos para amar. Como me disse algumas vezes o
Sr. Padre Pedro Nóbrega; citando São Paulo,“Quem quer o que Deus quer, tem o que quer”. E isso
aconteceu comigo e continua a acontecer, porque na realidade eu não quero outra
coisa que não seja a realização da vontade de Deus na minha vida.
Há
50 anos senti uma alegria enorme ao consagrar-me ao Senhor, mas era um passo no
desconhecido, era a aventura de quem é jovem e tudo arrisca por aquele que ama.
Hoje, 50 anos depois, a alegria é maior porque fiz uma caminhada e sei o
terreno que pisei. Embora com altos e baixos, com curvas no caminho, com muita
mediocridade, sinto a alegria de chegar até aqui e de atingir a meta que já se
aproxima, a do abraço final ao meu Senhor.
Sou plenamente feliz porque me
sinto inteiramente realizada.
Como
Maria, exclamo: “ A minha alma glorifica o Senhor * E o meu espírito se alegra
em Deus, meu Salvador”. Porque o Senhor me cobriu com a sua grande
misericórdia.
Obrigada
Senhor porque, apesar da minha fragilidade, arriscaste confiar em mim. Obrigada
Senhor pela Tua presença na minha vida. Maria, Senhora do sim, faz que o meu
sim inicial, dado a Deus, há 50 anos, se mantenha até à eternidade. Maria,
minha doce mãe, ajuda-me a fazer sempre o que o Teu Divino e Amado Filho quiser
que eu faça.
Ir. Lúcia Felicidade Bettencourt, op
Ir. Lúcia Felicidade Bettencourt, op
Maravilhoso testemunho. Fiquei encantada e dou Graças ao Senhor pelo seu testemunho. Lindo Parabens.
ResponderEliminarTenho muito orgulho de ter uma Prima Linda como a Irmã Felicidade. Aquela que, para mim é muito especial. Peço a Deus que continue a acompanhá-la em todos os seus caminhos. Uma grande MULHER. Muitos parabéns e muitas felicidades. Um beijinho amigo desta prima que lhe tem muita estima, Adriana Bettencourt.
ResponderEliminarLinda sua hisyoria de vida e dedicacão. Parabéns. Você faz o mundo melhor. Bjs.
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