Carta a Santa Joana
Creio que é a terceira vez que te escrevo, a primeira foi também neste dia, mas no ano em que cheguei a Aveiro, é terceira vez, que fui enviada a esta cidade, desta vez, já cá estou cerca de uma dezena de anos. Lembro-me na despedida de Aveiro de D. António Francisco dos Santos, dele dizer que saía de Aveiro aveirense e teu devoto e no meu coração, entendi perfeitamente estas palavras, pois traduzia o que sentia. Como tu sabes a liturgia marca de tal modo a vida, que comecei a viver o teu dia ontem, não quando rezei vésperas, pois estive em viagem e não o fiz em comunidade, mas quando finalmente cheguei a casa, depois das atividades do CUFC e de me ver envolvida na loucura das festas sposrtinguistas! Confesso que me senti muito alegre com a vitória do clube, mas assustada com a loucura de quem esqueceu a sua segurança, a dos outros e a época de pandemia. Cheguei cansada, mas ao passar a tua estátua ainda pensei, que acharias de tudo aquilo? E ao terminar o dia, sem vontade de ler, passou na minha cabeça vários episódios da tua vida!
Confesso-te que hoje tive vontade de escrever, também sabia que hoje publicaríamos algo sobre ti, mas os vários afazeres e o imprevisto do quotidiano só agora me trouxeram ao computador. Sei que posso falar-te do agora, porque acredito que os Santos devem conhecer e entender a época em que vivo tão dispare da tua, que nasceste a dia 06 de fevereiro de 1452. Sabes, identifico-me com a tua orfandade, admiro a tua inteligência para alcançares a autorização paterna para seguires a tua vocação! Entendo a Verdade na tua vida, ao deixares Odivelas e procurares a Ordem dominicana e o "pobre e humilde Mosteiro de Jesus", nas perdidas terras de Aveiro. Gosto muito da tua tenacidade na tua opção vocacional, apesar das pressões, de te teres questionado e procurado descernir a vontade de Deus e não a tua.
Tal como Jesus (Cf. Jo 6,15) quando o querem fazer rei, não se deixa ludribriar por facilidades ou grandezas, mas retira-se para rezar, também em ti aprecio a capacidade de não de teres deixado levar por brilhos, adulações, mas ao contrário por priveligiares os pobres, lição tão importante para mim, para a Igreja de hoje. Desta vila, (na altura) a que chamavas a "tua pequena Lisboa", expressão que tanto gosto e assumo, só saíste por obediência e devido às pestes que eram frequentes nesta zona pantanosa. Até que partiste em Maio de 1490.
Neste tempo de pandemia ouvimos muitas vezes as pessoas reagirem, como se fosse uma novidade, ou um castigo dos céus. Mas sei como nos entendes, apesar de no teu tempo não haver noticias e "fake news" (falsas notícias), nem atualizações diárias sobre os infetados e os mortos, o que nalguns dias devia resultar em tranquilidade e noutros em pavor perante uma peste a que ninguém conseguia dar remédio. Ou seja, até neste aspeto tu tão bem nos entendes. E sabes Joana, peço-te pelas pestes de hoje. Peço-te que me ajudes a recusar as honras e vaidades, a evitar a hipocrisia, o socialmente correto, a previlegiar a caridade, a oração, as "coisas do céu". Sabes que hoje muito mais te digo no coração e de ti muito aprendo, mas essas coisas vamos deixar entre nós!
Despeço-me, que continues a ser amiga/irmã/modelo e intercessora. Desculpa, se alguns dias, nem me lembro de ti, realmente quando caminho por Aveiro muita coisa, me lembra a tua presença, o teu contributo para esta cidade! Um abraço, tua
Ir. Flávia Lourenço, op
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