Nada se pode comparar com a alegria de ser toda de Deus. Teresa de Saldanha


Nunca esta frase teve para mim tanto sentido como agora!
No dia 8 de Janeiro de 2017 fiz a minha primeira profissão religiosa na Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, nas mãos da Madre Geral, Ir. Rita Maria.
E o meu coração transbordou de alegria no momento em que fiz profissão de obediência. Todo o nervoso que sentira nos dias precedentes e momentos antes da celebração desapareceram por completo e a alegria de ser toda de Deus encheu-me por inteiro. Ali, naquele momento, entreguei-me totalmente a Jesus, para que Ele faça de mim o que quiser. Depois de professar, seguiu-se a assinatura do documento que regista o ato, em seguida recebi o véu preto, a cruz missionária e as constituições da congregação. É impossível explicar tudo o que senti e que ainda sinto dentro de mim. A alegria que se instalou supera qualquer palavra que possa dizer, pois não há palavras para descrever tudo o que vivi e senti, naquele domingo da Epifania.
O sim que professei publicamente foi o culminar de muitos outros sins que Deus me chamou a dar ao longo da vida. Desde que nasci, Deus faz caminho comigo e me conduz em direção à felicidade. Nem sempre o caminho foi claro, mas sempre foi desejando fazer a vontade Deus, que o fui percorrendo.
Fazer memória do passado é perceber o quanto Deus foi misericordioso para comigo, pois nunca desistiu de mim, esperando ansiosamente que eu voltasse para seus braços, tal como o Pai misericordioso esperou o regresso do filho pródigo.
A luz da fé foi-me dada no dia do meu baptismo e foi sendo alimentada por todo meu percurso na minha comunidade paroquial de Caldas da Rainha, onde fui catequista, membro do grupo de jovens e ministra extraordinária da comunhão. Foi dali que parti para a universidade e Deus suscitou em mim o desejo de fazer voluntariado e então conheci as Irmãs Dominicanas e fui convidada a integrar o voluntariado Teresa de Saldanha (VTS). No voluntariado conheci uma forma diferente de ser Igreja, conheci S. Domingos e a forma de estar das irmãs que constantemente procuram por em prática o carisma de Teresa de Saldanha: fazer o bem sempre. Ao longo de nove anos o voluntariado fez parte da minha vida, quase como que um filho que ajudei a nascer.
Foi como VTS que parti para a missão, primeiro em Angola, no ano 2006, durante um mês e depois para Timor, em 2012 durante um ano. Como voluntária experimentei a alegria de nos colocarmos inteiramente ao serviço de Deus e dos irmãos. Cada dia passado na missão foi especial. Ali aprendi a relativizar tantas coisas e dar valor a muitas outras. Sobretudo, aprendi que só em Deus reside a nossa força e que quando nos dispomos à Sua vontade somos muito mais felizes. E foi esta felicidade que me fez equacionar toda a minha vida quando regressei a Portugal. Já nada podia continuar a ser igual. A alegria que habitava em mim por me ter entregue por completo ao serviço do próximo não podia acabar. Se fui feliz, porque não continuar a sê-lo?! – Esta foi a questão que me fez mudar de vida. Entregar-me por inteiro a Deus, foi um desejo que foi aumentando de dia para dia e que não consegui calar mais dentro de mim. E naquele dia 18 de Maio 2014, em que intimamente me entreguei toda a Ele, então houve paz no meu coração. Aquela paz que procurei em muitos lugares, que procurei no namoro e no trabalho, mas que só Deus me consegue dar. É essa a paz, sinónimo de felicidade, que me acompanhou ao longo da caminhada de dois anos e meio que antecedeu o dia 8 de Janeiro de 2017.
É esta mesma paz, recheada de uma alegria transbordante, que habita em mim, agora que já me consagrei totalmente a Deus, pela profissão religiosa. Ele é o meu conforto e alegria, a minha paz, o meu tesouro, o meu tudo. Sei que longe dele nada consigo e com Ele tudo posso, pois já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim!
É a Cristo que entrego a minha vida e recordando a homília do Frei Filipe, ofereço-lhe, tal como os magos do oriente, três presentes: o ouro da minha vida pela consagração religiosa, o incenso da minha oração de intercessão pelos outros e a mirra da minha solidariedade, colocando-me ao serviço dos mais pobres, daqueles que habitam nas periferias da nossa existência, tal como nos pede o Papa Francisco.
A todos, aqueles que estiveram presentes e aos que se uniram pela oração, muito obrigada. Peço-vos continuem a rezar por mim, para que atenta aos sinais dos tempos, saiba viver na plenitude o seguimento de Jesus Cristo, ao jeito de Teresa de Saldanha.
E sim, nada se pode comparar à alegria de ser toda de Deus!!! Se Deus te chama não tenhas medo de te entregares por completo a Ele. Ele tudo providenciará para que sejas feliz. Foi assim comigo e agora digo como Teresa de Saldanha: Feliz, mil vezes feliz sou eu e por tudo dou graças a Deus. Arrisca! Ânimo! Deus espera por ti!

Ir. Ana Margarida Lucas

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