De Urqueira a Dominicana


Nasci em Urqueira a 20 de maio do ano de 1934. Filha de Manuel Braz da Silva, operário fabril e a mãe chamava-se Maria de Jesus Sapata.
Eramos 9, mas a mais nova morreu muito novinha, crescemos 8. Íamos sempre à missa, eu quando era muito pequena, gostava muito
de dormir e como a mãe não podia ir durante a semana, mandava-me a mim, nem sempre me apetecia. Ao domingo toda a família ía à missa
e à oração à tarde. Em família rezávamos sempre o terço à noite à lareira, muitas vezes enquanto a mãe preparava a ceia. Depois da escola
aprendi costura e fiquei sempre a ajudar em casa até vir para o convento. Fiz parte da Ação Católica, havia lá um grupinho de jovens,
ainda me lembro do uniforme azul. 
Os Dominicanos estavam na Aldeia Nova e com os seminaristas iam muitas vezes à nossa paróquia. Houve um retiro em Fátima para
os Jovens da Ação Católica e a minha mãe não me deixou ir, foi nessa altura que comecei a pensar entrar para o Convento.
O Frei Luís Cerdeira, dominicano, foi quem me orientou para esta Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. 
Tinha 20 anos, fazia os 21 em maio quando entrei. A minha família sofreu muito, pois eramos muito unidos, mesmo depois
dos meus irmãos casarem todos os domingos se juntavam em nossa casa, era muito divertido.
Fui para o Ramalhão, Sintra, acompanhada pelo meu pai, que queria saber onde eu ficava. A Superiora Geral era a Madre Teresa Gomes Pinto. Sei que
o meu pai falou com a Irmã para saber como era a nossa vida. Fiz lá o postulantado, um período de discernimento e o Noviciado,
que é uma etapa de formação mais intensa.  Apanhamos duas mestras, a Madre Emanuel e a Madre São Tomás de Aquino,
por causa desta transição tivemos 1 ano e meio no noviciado. Era um grupo enorme, umas 50. Logo que professei, puseram-me
responsável da rouparia nessa comunidade. A profissão pública dos votos de pobreza, castidade e obediência marcam
o fim da formação mais intensa e o ínicio da vida consagrada. Mais tarde são feitos os votos perpétuos se nós e a Congregação
virmos ser esta a vontade de Deus. Professei em abril e em outubro vim para Aveiro, mas a casa não era formada, isto é,
segundo as nossas Leis não tinha o número suficiente de Irmãs para avaliar as Irmãs mais novas, neste período de formação (juniorado).
Gostei muito de Aveiro, mas depois tive ir uns mesinhos ao Ramalhão para fazer os Votos perpétuos. 
Regressei a Aveiro, era um Lar que acolhia raparigas que vinham para a cidade estudar, no geral havia várias Irmãs jovens,
era uma comunidade muito alegre e unida. Funcionava como uma família. Também colaborávamos na catequese da paróquia
da Vera Cruz. Nesta comunidade exerci diversos serviços, de procuradora (responsável pelas compras e contas) e de prioresa
(superiora). Estive aqui quase 25 anos. Estive 2 anos em Leiria, no Colégio Nossa Senhora de Fátima, responsável pelas aspirantes,
jovens que desejavam ser religiosas, foi um grupinho muito interessante.  
Em seguida fui para Fátima, onde estive cerca de 20 anos, é uma comunidade que acolhe peregrinos, onde também trabalhei como
procuradora. Regressei novamente a Aveiro em 2006 onde estou até hoje, é uma comunidade que se dedica ao acolhimento
das Irmãs idosas e doentes e também à Pastoral Juvenil Vocacional. Ajudo no que posso.  Já fiz as bodas de diamante
(60 anos de consagração religiosa), posso afirmar que como dizia o Padre Luís Cedeira temos “altos e baixos”, mas ao longo da
minha vida sempre me senti feliz, nunca duvidei que estou no sítio certo. Se tivesse de escolher de novo voltava a ser religiosa nesta
Congregação. 

Ir. Júlia Pereira, op

Comentários

  1. Parabéns Ir. Júlia pelos 60 anos de Consagração e obrigada pelo seu testemunho!

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Completas com... Santa Catarina de Sena

Vida Consagrada: Postulantado

Dominismissio '23