Estradas e escolhas

Há semanas complicadas e esta, foi uma delas. Enquanto vivo uma nova realidade, enquanto mudo circunstâncias na minha vida, enquanto estou em confinamento, enquanto ocupo a cabeça com preocupações de outros e enquanto tento ser melhor, fico sem tempo para respirar. Sem tempo para mim. E por isso, não consegui escrever muito. Deixo só aqui a tradução de um poema inglês de Robert Frost que me tocou porque apesar de, pra mim, a vida não se basear numa escolha que se faz para a vida toda, baseia-se, sim, em constante encontro com bifurcações onde escolho seguir o rebanho ou desafiar-me.

A Estrada não Percorrida, de Robert Frost
Tradução: Henry Alfred Bugalho

Estradas se bifurcavam num amarelado bosque,
E me ressenti não poder ambas percorrer
Sendo um só viajante, por muito me detive
E observei uma até quão longe pude
Até onde na vegetação ela se encurvava.

Então segui pela outra, tão boa quanto,
E talvez por ter melhor reclame,
Por ser gramada e ansiar uso;
Mesmo que os que por ela passaram
Desgastaram-na do mesmo modo.

E, naquela manhã, em ambas igualmente jaziam
Folhas que passo algum pisara.
Ó, deixei a primeira para outro dia!
Mesmo sabendo que caminho leva a caminho,
Duvidei se um dia conseguiria voltar.

Com um suspiro isto direi
Em algum ponto, há muito tempo distante
Duas estradas num bosque se bifurcavam, e eu
A menos percorrida trilhei,
E isto fez toda a diferença.

Inês Borralho

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