Longe mas perto
A pressa sempre fez parte da nossa vida. Pressa de viver, de sentir, de crescer e de chegar onde queremos. Mais do que nunca, em tempos estranhos como estes, temos todos pressa que tudo isto acabe. Porém, o tempo não anda exatamente à velocidade que todos desejamos, nem é alterável. Mas, se o soubermos aproveitar da melhor forma possível, ainda que em alturas profundamente difíceis de o fazer, acredito que talvez sejamos todos um bocadinho mais felizes no futuro.
Não dá para substituir aquilo que tínhamos ou que podíamos e gostávamos de fazer, sei que não. Mas, se há coisa que sei é que quando queremos e quando nos colocamos de coração e alma nas coisas, somos capazes de nos reinventar e de nos entreajudar de maneira incrível.
Vou então partilhar duas coisas que me têm dado alento nesta segunda quarentena que se revelou bem mais difícil do que a primeira.
Se dantes fazia videochamadas apenas com aqueles que viviam longe e que só via de muito em muito tempo, hoje é algo fundamental, diário e indispensável.
Mais cansados ou mais desanimados, acaba sempre por fazer diferença quando nos vemos e ouvimos uns aos outros. No meio de risos e gargalhadas ou até mesmo no meio de lágrimas e silêncio, com ajuda destas chamadas, estes tempos duros tornam-se bastante mais leves. E é assim que, mesmo longe, aqueles de quem gostamos, se vão fazendo muito perto.
Se há coisa que sempre gostei de fazer ainda antes da pandemia e que sempre me trouxe conforto, foi ver álbuns de fotografias (físicos ou digitais). Desde o casamento dos meus avós, à minha primeira ida ao parque ou até simplesmente uma fotografia de um estranho que ficou na máquina por coincidência. De alguma forma, ainda que longe dessas realidades, esses momentos eternizados trazem-me sentido, convicção e foco no facto de que estamos aqui uns pelos outros e que somos uns sortudos enquanto pudermos viver momentos como esses e, ainda mais sortudos, se os voltarmos a viver ao lado daqueles de quem tanto gostamos.
Não existirão dias perfeitos, não existirá alegria sem tristeza, mas, um dia mais tarde, existirão de certeza memórias boas, se as soubermos procurar com os olhos de Deus.
Longe mas perto,
Maria Sabino
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