Recomeçar


Desde que contactei com a Madre Teresa de Saldanha ou a Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena sempre me fascinou o início da Congregação e o re-início, a reconstrução depois da Implantação da Republica. Se 5 de outubro de 1910 signifcou perder todas as casas, ver as Irmãs voltarem às famílias, serem dispersas, mas foi também o início da missão “ad gentes”, na Congregação. Primeiro partiram para o Brasil e quase em simultâneo para a America! Aliás creio que os começos escondem sempre grande encanto e ousadia. Mas perder tudo e recomeçar do zero implica uma coragem de ferro e uma fé incomensurável. 

Ontém ouvi uma critica a algumas figuras publicas por misturarem a língua inglesa com a nossa. Hoje ao recordar algumas cartas da Teresa de Saldanha, achei engraçado, ela por vezes, usa expressões em inglês, claro que o faz, quando as considera mais expressivas e tinha o domínio muito bom de ambas as línguas. Mas este episódio veio lembrar-me como a história é ciclíca! Como é bom recordar o passado para que escondida atrás do desejo de liberdade de uns, não venha a expulsão e perseguiçao de outros!

A Madre Fundadora na carta “à Madre Maria de São Jacinto de Sampaio Quintela: «As nossas Irmãs irlandesas partiram cheias de entusiasmo (…)Não imagina o entusiasmo dos Irlandeses, o que eles fizeram para auxiliar as nossas Irmãs, a solenidade com que foi a partida! Mas que viagem tão longa e difícil!» Embarcaram no dia 11 de Fevereiro de 1911 e chegaram a Nova Iorque a 19 do mesmo mês, sendo recebidas com grande afecto por alguns familiares que viviam nesta cidade. À sua espera estava também a Madre Mary Joseph Butler’s, da Congregação das Irmãs do Sagrado Coração de Maria que as acolheu calorosamente no seu Convento em Madison Avenue. As nossas Irmãs conheceram algumas destas religiosas na altura da expulsão de Outubro de 1910. Em Nova Iorque tiveram as Irmãs oportunidade de visitar muitos conventos, igrejas. Muitas outras ofertas [receberam] para ajudar na nova fundação. No dia 27 de Fevereiro, as Irmãs partiram de Nova Iorque rumo a Chicago e daí para Ontário, Oregon. Montaram uma tenda numa zona rural de Ontário, onde, respondendo a uma necessidade urgente, receberam os primeiros doentes e começaram a juntar fundos para construir a estrutura que cresceu e se tornou o Holy Rosary Medical Center. A Irmã Maria Catarina, responsável da comunidade e as suas companheiras estudaram enfermagem dedicando-se, sem mais demora, ao ministério de curar os doentes necessitados.”[1]

Em tempos de pandemia é bom olhar para a Congregação em 1910 e perceber que aquilo que podia ter  sido o fim, foi o início! É bom lembrar que há podas de arvores e renuncias e sacríficios e escolhas que todos teremos de fazer, mas que cada crise, cada poda será um novo renascer… E hoje dia 11, Dia Mundial do doente, que a fé e a confiança nos sustente e nos ajude a recriarmo-nos.

Ir. Flávia Lourenço, op
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[1] MEMÓRIA DAS DATAS – 1866-2002 Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena; pag. 69

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