Pedrógão 2021

 


Num dia quente de agosto fizemo-nos de novo a estrada. O destino era Pedrógão Grande. A missão era visitar algumas das famílias que tínhamos contactado em 2018, quando o Dominismissio lá se realizou.

Ao entrar no IC8, como não começar a fazer memória daquelas paisagens negras, que na altura encontramos e que agora estavam marcadas pelo verde que florescia. Passaram quatro anos desde aquele terrível verão de 2017 e agora Pedrógão já não abre os noticiários do nosso país. Parece que entrou no esquecimento de todos… até quando?! Nas estradas que vamos percorrendo até chegar ao nosso destino, vamos apercebendo-nos que muito em breve tudo se poderá voltar a repetir… o mato cresce… os terrenos não estão limpos… é um barril de pólvora prestes a explodir. 

Estas constatações são dolorosas ao nosso coração. A dor daquelas famílias continua a ser nossa… as suas histórias pertencem à nossa vida. E por isso, imaginar que tudo se pode voltar a repetir, é perceber que há feridas que voltarão a abrir e vidas que se perderam em vão!!!

Os contatos para a nossa visita foram feitos na véspera pela Ir. Flávia. Era importante confirmar que havia disponibilidade para nos receberem. Uns conseguimos, outros infelizmente não, mas como Deus sempre providencia, outros contactos inesperados acontecem e sabemos que a nossa viagem não será perdida. 

Depois de nos refrescarmos na Praia Fluvial de Mosteiro, onde também almoçamos, rumamos então até Castanheira de Pêra, onde visitamos o Sr. S, a sua irmã e cunhado e a D. A. No meu caso, desde 2019 que não estava com a D. A. Apesar de sempre irmos trocando mensagens, havia uma presença física que faltava. E mais uma vez há o sentir que mais do que mil palavras, o estar presente e escutar é o mais importante.


A vida mudou muito desde aquele dia, para sempre ficará vago o lugar daqueles que partiram. Já não se fala de como tudo aconteceu, mas faz-se memória de como eles eram, da falta que fazem, das palavras que disseram naqueles últimos dias e que no fundo foram o seu testamento para esta mãe. Faz falta falar e aqui em casa eu não o posso fazer, disse ela. Estar ali comigo aquela hora, foi libertar o espírito, foi ganhar oxigénio para mais uma respiração. Foi dar graças pelo dom que eles foram e continuam a ser. Foi perceber que mesmo longe estamos sempre perto, porque estamos em Deus!!!

Ir. Ana Lucas 

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