Quando a minha liberdade prende os outros...
5 de Outubro de 1910 - A implantação da Republica em Portugal
Hoje alguém me perguntava porque apareço com hábito algumas vezes e outras à secular, que significa vestida como o povo, confesso que respondi com o presente, com a liberdade que sinto em poder optar por aquilo que me facilita mais o apostolado! E na gratidão que sinto por ter essa liberdade, por "Cristo me ter liberdado para a Verdade/ liberdade".
Confesso que estas abordagens me dão uma pena profunda, Deus criou uma diversidade de cores, tons, sons, sabores, formas... Na Biblía, já no Antigo testamento, mostra-nos que escolhe pessoas tão diferentes, que tem um critério de seleção tão diferente do nosso... Também é verdade que estas pessoas, que insistem numa Igreja clerical, por vezes não gostam da Bíblia, que tem medo que lhe tire a fé, (confesso que estes argumentos para mim são incompreensíveis). Deus deu-nos a inteligência para criar, inventar... Há tanta coisa, tanta tecnologia fantástica e nós para além do pecado da omissão pela sorte do irmão, da destruição do mundo, da natureza, do outro, do nosso próprio eu ... Queremos uma Igreja à nossa semelhança... Limitada!
Tudo isto também me fez pensar na data de hoje, no dia 5 de outubro fazemos memória de duas festas importantes na nação portuguesa, já o referimos, várias vezes neste blog, mas faz sentido lembrar:
- 05 de Outubro de
1143: - Assinatura do Tratado de Zamora entre D. Afonso Henriques e o seu primo
Afonso VI de Leão, pelo qual foi reconhecida a soberania ou independência do
Reino de Portugal.
- 05 de Outubro de 1910: - Proclamação da República em Portugal. Mas o facto que sempre esquecemos aconteceu há 110 anos e, quem esquece a história arrisca-se a que se repita, à sua frente, os mesmos erros, estou a falar da expulção das Ordens religiosas em Portugal!
Se em 1834 o decreto de extinção das Ordens Religiosas levou ao término das ordens masculinas, as femininas, por sua vez, agonizaram até à morte da última religiosa. Foi nesse ambiente hostil, nessa época e num país sem Consagrados, que Teresa de Saldanha fundou as Dominicanas, 2 apenas, após a formação na Irlanda, regressam a 13 de novembro de 1868, para o ensino, os pobres, a saúde e de uma forma muito concreta, a promoção da mulher... O decreto de Expulsão de 5 de Outubro de 1910 arrasa a obra da Madre Teresa de Saldanha, bem como outras Congregações que tinham surgido! Mais uma vez, o desejo de liberdade leva à destruição de obras, que só fizeram o bem, a expulsão do país de todas as religiosas estrangeiras e a debandada das portuguesas para as terras de origem. Contudo esta situação levou o país assumir a assumir a educação e várias obras que as religiosas tinham criado do nada para colmatar a pobreza, a ignorância e a miséria. Também o Espírito Santo é muito criativo e da expulsão surge a missão noutros países (na Bélgica, no Brasil e nos Estados Unidos da América em 1911 e, em Espanha, em 1913). "Em Portugal as Irmãs continuaram discretamente a sua acção ao lado de Teresa, já idosa, [nos Cardais, em Lisboa, e em Braga, naquele que agora se chama Instituto Monsenhor Airosa] e também assumiram a orientação do Sanatório de Sant`Ana, na Parede"*, por imposição da sua Fundadora.
Se em 1868 e em 1910 as Irmãs tiveram de andar sem hábito, mas vestidas discretamente para poder "fazer o bem" a história ensina-nos que não é o hábito que faz o monge". È verdade que precisamos de sinais, mas na abundância da criação, a validade dos sinais não se pode regular por um indíviduo. Deus criou-nos À sua imagem e sememlhança, mas todos diferentes e livres para escolher o bem, mas com a opção de errar... A minha liberdade não pode atropelar a dignidade e liberdade do outro... Aliás não acredito que a liberdade alguma vez poderá ser imposta...
Ir. Flávia Lourenço, op
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