Nasci em Airó

 
Nasci em Airó, (“ anda numa perna só"),  Barcelos, em 1936, no dia 11, embora fosse registada a 13, de março. Fui a terceira de 11 irmãos. Aos 6 anos fui guardar o rebanho dos pais, para o irmão ir para a escola, pois só os rapazes eram obrigados a ir. Aos 9 fui servir para a casa de uns lavradores a 8 km. de casa. Estive 6 meses sem ver a família, o que me custou muito, depois comecei a ir vê-los, sempre a pé… Estevi lá 9 anos e ao fim fui para o Ramalhão, porque a minha Irmã já lá estava, era a Srª  Olívia, a 1º empregada das Irmãs do norte e o irmão da Ir. Irene Figueiredo, o Sr. Manuel, que era de Gamil, que levavam para lá raparigas da terra, que queriam trabalhar.

Estive 3 anos com a Ir. Cassilda enquanto empregada na padaria. Só as Irmãs era 113 (postulantes e noviças eram muitas) 20 homens, que trabalhavam na quinta, mais 18 empregadas e cerca de 700 alunas. As empregadas rezávamos o terço todos os dias, gostei do ambiente das Irmãs, de estar ali… Gostava das colegas. Pedi para entrar na Congregação, pedi em novembro e entrei a  8 de dezembro de 1958.

Estive no noviciado 9 meses de postulante e um ano de noviça, tomei hábito a 8 de setembro e professeia 7 de outubro do ano seguinte. Estive um ano, durante o noviciado, a trabalhar na comunidade, ajudando nos vários serviços, neste tempo de formação, ia à padaria se precisassem. Tínhamos os trabalhos, meditação e o recreio à tarde… E leitura, depois de jantar eram as tarefas e completas. O ano de professa foi todo na padaria. Depois foi a Ir. Soledade para aprender e eu vim para Aveiro, estive na casa da Avenida, 6 meses para a Ir. Júlia Pereira da Silva ir fazer os votos perpétuos. Quando ela regressou, a 10 de junho, fui para o Restelo. A segunda parte da casa do Restelo (Província) foi feita comigo lá, quartos para hóspedes. Depois voltei para o Ramalhão em 1963 fiz os votos perpétuos e fiquei lá… a cozer o pão até 1989, ano em que fomos à terra Santa, tratei a Ir. Luíza, a Ir. São Patrício e D. Céu (era tia da Ir. Amália) durante o tempo das aulas não conseguia articular a padaria, as meninas e as doentes. A Ir. Marta resolveu mandar vir o pão do padeiro.

A 4 de outubro de 2007 vim para esta casa com a Ir. São Casemiro e a Lavadinho, que eu já tratava lá… Elas quiseram vir comigo e a Madre Provincial gostou da ideia… Também tratei da Ir. Belém e de muitas..  Gostava de ambos os serviços. Uma vez apareceu-me lá uma rapariga, sobrinha de uma Irmã, que tinha caído na droga, tinha muita fome e eu deu-lhe uma carcaça… 

O dia dos Santos Inocentes era uma folia, um dia deram-nos arroz atrasado, com 3 dias, nesse dia de festa, então à tarde fizemos uma manifestação: "Abaixo o arroz atrasado, queremos batatas ao murro e bacalhau assado", ri-se, e verdade é que as Superioras fizeram-nos a vontade.

Se voltasse atrás vinha à mesma para o Convento, porque sou e estou feliz! 

Senhor Jesus Cristo, filho de Deus Pai muito obrigada por tudo e tende piedade de mim que sou pecadora.

Ir. Maria de Jesus

Comentários

  1. Grande Ir. Mª de Jesus . Deu de comer a quem tinha fome de pão curou os doentes conforme as
    Suas possibilidades ... Imitou o Nosso Jesus ...Grata Pelo Testemunho Que os jovens de Hoje também possam e façam as obras de Jesus e serão Felizes

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