De Santiago a Alandroal: uma viagem de descoberta
Há dias
assim. Onde olhamos para o céu e apenas vemos nuvens negras, sinal de
tempestade. Procuramos pelo tímido raio de sol, mas este teima em esconder-se…
ou então mostra-se diante de nós, mas os nossos olhos estão tapados com um
manto negro, impedi-nos de ver. Há dias assim.
Há dias
assim. Onde olhamos para uma folha branca e apenas reparamos naquela pequena
mancha preta. Dão-nos lápis de coloridos para pintar o resto do branco, mas nós
não conseguimos desviar o olhar daquela mancha. Há dias assim.
Contudo,
o convite de abrir a porta e iniciar a estrada, o caminho, soa forte,
acolhedor. Impelem-nos a dirigirmo-mos à porta, para abri-la. E quando abrimos,
descobrimos uma estrada ladeada por flores e árvores, emoldurada montes
verdejantes, cujo o cume reluz à luz do astro-rei.
Embora
as flores estejam estáticas, na nossa mente o vento continua a assoprar,
misturando os nossos pensamentos. Estacamos na beira da porta, presos pelo
medo, pelo receio. Temos a mochila às
costas prontos para iniciar a viagem. Mas o peso da mala, torna-se cada vez
mais pesado, puxando-nos para o interior da cabana, para o conforto.
Até
que.. uma voz quente sussura no nosso coração: “Vai. Vai tudo correr bem. Eu
estou contigo.”
E partimos. Mala as costas, cajado na mão. Em grupo, seguimos a vieira. Atravessamos rios, subimos encontas. Andamos de noite. Vemos o acordar e o adormecer do astro-rei. Há risos, lágrimas. Doem as pernas. Bolhas nos pés. Por vezes o vento volta e assola a nossa mente. Mas aquela voz surge e repete: “Vai. Continua. Vai correr tudo bem. Eu estou contigo.”
E partimos. Mala as costas, cajado na mão. Em grupo, seguimos a vieira. Atravessamos rios, subimos encontas. Andamos de noite. Vemos o acordar e o adormecer do astro-rei. Há risos, lágrimas. Doem as pernas. Bolhas nos pés. Por vezes o vento volta e assola a nossa mente. Mas aquela voz surge e repete: “Vai. Continua. Vai correr tudo bem. Eu estou contigo.”
Continuamos
a subir. Mais um passo. Chegamos. Santiago, aqui estamos nós. O fardo das
nossas costas foi ficando cada vez mais leve. Agora mal sentimos o seu peso no
nosso ombro.
Procuramos
o dono daquela voz. Para agradecer pelo apoio. Onde está? Onde está Ele? Porque
é que não O vemos? O nosso olhar é atraido para uma cruz de madeira, e
encontramo-Lo, com o seu rosto tão repleto de amor como as suas palavras. Ali
pregado. Aquele que morreu por nós.
Aquele que nos acompanha durante toda aquela viagem, a sussurar no nosso
coração.
E vemo-Lo.
Esteve connosco o tempo todo, ao nosso lado… Mesmo durante as tempestades.
Naquelas nuvens negras, aparecia sob a forma de palavras, gestos. Mostrou-se através do Amor. Ele nunca nos
abandonou. Nem mesmo quando o vento turbilhava a nossa mente.
Agora
já não tenho medo. Inicia-se uma nova aventura - Alandroal. Desta vez não percorremos, montes nem atravessamos rios. A nossa tarefa é outra. É tocar. É ouvir. Criar
semente no coração das pessoas. Fazê-las sorrir. Lembrar-lhes daquela voz
sussurante. Porque Deus está contigo, comigo, connosco. Porque Jesus continua a
bater na tua, na minha, na nossa porta, a querer entrar. Ele nunca te
abandonará.
Patrícia Santos
Comentários
Enviar um comentário