Divagações Espirituais: Um toque no meio de tantos apertos
A mulher curada (Mc 5,27;
Lc 8,44; Mt 9, 20) ἤψατο - tocou
Jesus pergunta: «Quem me tocou? Como todos
negassem, Pedro disse: Todos te apertam
e TE oprimem e Tu dizes quem Me tocou? Ele insistiu: Alguém Me tocou porque
saiu de Mim um poder». Reparemos no número singular e plural (alguém-todos) e
em diversos modos de toque (apertar-tocar). “Eles o apertavam mas esta O tocou
como em (Lc 7, 6) onde o centurião esteve longe mas mais perto pela fé”[1], escreve Santo Agostinho.
“Não se pode ir até Cristo caminhando mas acreditando. Não se vá até Ele
deslocando-se com corpo mas com fé e livre decisão do coração como aquela
mulher que tocou mais do que os que empurravam”[2]. Mesmo depois da resposta: todos te
apertam, Ele continua: quem me tocou?
A mulher O toca, a multidão O aperta. O que significa tocar[3] senão acreditar?[4]. Ela tocou só a orla do manto de Jesus mas, na verdade, tocou mais de
perto que a multidão que a volta d´Ele O apertava. Como o centurião, quanto
mais crente tanto mais perto d’Ele. “A carne aperta e a fé toca. Ele tolerava
os que O apertavam e procurava quem O tinha tocado”[5].
“A mulher apareceu, com medo, e explicou-lhe o que tinha feito. Jesus
respondeu: «Filha, a tua fé
curou-te». (…) o Seu manto não possuía poder mágico; pelo contrário, o milagre
era o resultado da fé da mulher”[6]. É um toque leve e discreto mas com
tamanha fé que alcança o que pretende.
“Quem Me tocou?” Senhor Jesus, eu quero Te tocar como aquela mulher, ajude-me por favor! Estás tão perto de mim mas, a “multidão” de distrações e de coisas secundárias me impede bastantes vezes. Vens a mim de tantos modos ao longo do dia e também vens e Te entregas nas minhas mãos através da Hóstia Divina! Acende em mim o desejo de Te tocar pela fé na oração e me entregar igualmente nas tuas Mãos, como Tu nas minhas e entregar a Ti tudo o que faço, o que sonho, o que sou e os que me deste para amar.
Ir. Arta Izabel, op
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[1]
AGOSTINO DE HIPONA,
Contro Fausto, Libro XXXIII, 8.
[2] AGOSTINO DE HIPONA, Comento
al Vangelo e alla Pima Epistola di San Giovanni, Città Nuova Editrice,
Roma, 1968, Olelia XXVI, 3.
[3]
Agostinho ao fazer esta afirmação nos faz lembrar o que Jesus disse e Tomé em
(Jo 20, 27) “mete a mão no meu lado e não sejas incrédulo mas crente”.
[4]
Ibidem, Omelia XXVI, 3.
[5]
Idem, Discosri, LXII. 3,5.
[6]
SANDERS, E. P., A verdadeira história de
Jesus, Editorial Notícias, 5ª edição, 2004, pg. 187.
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