JMJ: A FÉ

Dia 21, a imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima vinha para a nossa paróquia, estava previsto chegar às 21:30, quando chegámos à Igreja eu não vinha preparada para aquela enchente... Enquanto fui buscar os Kits perdi-me dos companheiros.
Com o telemóvel sem bateria, tinha combinado encontrar-me com uma jovem brasileira, mas não tinha como contactar, não visualizei ninguém conhecido. Na ausência de lugar nos bancos, encostei-me a uma parede e abstrair-me da balbúrdia em redor, sentei-me no chão fresquinho, puxei o terço, agradeci a Deus por ter inspirado a Catarina o conceito de "cela interior", espaço interior de encontro com Deus.

Ouviu-se foguetes, os jovens foram para a rua formar um cordão com velas para acolher a imagem, debalde esperámos. 

Voltei à minha cela, na minha cabeça rezei as emoções, a chegada à este país, o acolhimento, o belo passeio que demos hoje, o bio-museu, com plantas de tantas cores, pássaros, suas melodias e cheiros, a pobreza de alguns bairros no "casco antigo" e a modernidade dos edifícios enormes na marginal, do arame farrapado que divide; o mar tão belo ao longe, mas tão sujo. Tantos contrastes meu Deus...

A imagem só chegou passado quase uma hora. E se este povo canta e dança é reza manifestando alegria a manifestação de fé a que assisti e me envolveu foi indescritível. Depois soubemos que demorou tanto tempo, porque quiseram trazer Nossa Senhora aos ombros, carregando avenida acima o pesado andor. Nunca na minha vida, vi uma imagem ser tratada como se tratasse da estrela de pop do momento, da personalidade mais importante do mundo... Mas não se ficam pela imagem, a sua fé os leva a ver ali a mãe, mas sem esquecer o filho. A alegria explosiva dos cânticos deu lugar ao silêncio e contemplaçao da oração. Terminou uma parte, a Vigília decorreria toda a noite. Iniciou-se o Rosário, com a saída dos sacerdotes, as pessoas procuram a foto, tocar na imagem, desta senhora que falou a 3 crianças, muito longe, lá em Portugal.
Ir. Flávia Lourenço, op