Da Madeira à missão
Numa das conversas com o Senhor Padre essas
Irmãs, da Fraternidade Franciscana da Divina Providência, perguntaram-lhe se ele
conhecia algumas meninas que quisessem ser Irmãs. O Pe. Figueira fez-me o
convite e eu aceitei.
Eu era a
segunda mais nova de oito irmãos de uma família simples que se ocupava na
agricultura e nos bordados. Eram pessoas crentes e verdadeiramente cristãs que
nos educaram na Fé desde crianças. Após a 1ª Comunhão e Crisma frequentei um
grupo de Adolescentes nos Irmãos S. João de Deus, que têm uma Casa de saúde
mental, perto da casa dos meus pais, onde ainda, habitualmente, vou à missa, em
férias. Os meus pais, João Cafofo e Mª
de Jesus Camacho, não se opuseram à minha vinda para as Irmãs, que aconteceu no
dia 25 de Junho de 1956. Após a longa viagem de barco (pois ainda não existia
transporte aéreo), fomos no dia seguinte diretas ao Ramalhão para o Sr. Padre visitar
uma irmã, sua sobrinha. Daí seguimos todos para Fátima para a Casa das Irmãs da
Divina Providência, onde o Sr. Padre nos deixou com a morada das Termas para
onde ele se dirigiu. Aí nos ocupámos, as três, unicamente a bordar uma toalha.
Mas como estávamos sempre no mesmo local e sem irmos a nenhuma oração quer
dentro, quer fora da casa, escrevemos ao Senhor Padre uma carta (que pedimos
secretamente a um jovem passante para colocar no correio) a falar do nosso
descontentamento. Ele veio ter connosco no fim das Termas e passadas umas 6
semanas fomos para o Ramalhão. Tínhamos ficado com uma conversa das Madres nos
ouvidos, aquando da nossa passagem por lá.
Aí entrámos no grande grupo das Apostólicas (hoje seria Aspirantado). Participávamos em várias orações (missa, terço, etc), em diferentes serviços e estudávamos.
A 25 de
Março de 1958 entrei para o Noviciado como Postulante (foi-me entregue uma
saia, blusa, capinha preta e touca) até à Tomada de Hábito a 1 de Abril de
1959, data em que recebi o Hábito (com o toucado, capa, véu antigo e Rosário) e
mudei o nome para Ir. Mª Diana do Menino Jesus. Fiz os Primeiros Votos a 30/4/1960
e saí do Noviciado a 11/9/1960 para o Lar da Imaculada Conceição – Coimbra,
onde recebíamos jovens internas universitárias. Passados 3 anos (em Junho de
1963) regressei ao Ramalhão porque o Lar de Coimbra não era Casa Formada para
fazer a Formação para os Votos Perpétuos, que emiti a 1/11/1963. Em Janeiro de
1964 fui transferida para a Comunidade de Fátima, onde estive até 1969.
A 9 de
Dezembro de 1969 fui para as Missões para Angola. Lá permaneci até, 4 dias
antes da Independência de Angola, que se realizou a 11 de Novembro de 1975,
proclamada pelo Presidente Angolano, Agostinho Neto. Este acontecimento teve
por base a situação militar e política ocorrida, um ano antes em Portugal, aquando da Revolução de 25 de Abril de 1974.
Foi uma realidade
dura ter de deixar aquela enorme Missão só com o Padre Mota. Devido à guerra, a insistência da Superiora
Geral da Congregação – Ir. Sagrado Coração de Jesus, que desde Lisboa pedia às Irmãs de Luanda para fecharem a
Comunidade de Quibaxe, levou-nos a ter
que entregar as meninas às famílias e a abandonar aquele país. No inicio eu e a
Ir. Adelaide António ainda colocámos algumas resistências, mas depois tivemos
que nos render.
Durante, os
cerca de 6 anos que estive em Angola, colaborei na Missão, em Quibaxe – Quanza
Norte. Eu e outras Irmãs íamos, até um raio de 200 quilómetros, às Sanzalas e a
muitas Escolas dar Catequese, acompanhadas pelos Padres da Missão. No internato
de meninas da nossa responsabilidade preparávamo-las para o seu futuro com
várias atividades, entre as quais a costura e os bordados que eu lhes ensinava.
Foram várias jovens que casaram a partir da nossa casa.
Na altura em que fui convidada para ir para Angola tinha a minha mãe muito doente, que veio a falecer 18 meses depois, a qual não mais voltei a ver. A minha vinda à família ocorreu passados 4 anos, data em que beneficiei da Graciosa (o estado concedia, gratuitamente, de 4 em 4 anos, a viagem aos Missionários).
Passado o
mês de férias voltei a Quibaxe mais algum tempo até ser obrigada a vir. Eu e a
Ir. Adelaide António saímos diretamente de Quibaxe para Luanda e de seguida com
a Ir. Madalena de Pazzi para Portugal.
No regresso de Angola estive de passagem no Ramalhão e depois fui para a Madeira, Comunidade do Abrigo Nossa Senhora de Fátima, em Santo Amaro – Funchal. Lar de Crianças e Jovens em risco, Instituição à responsabilidade das Irmãs, mas obra da Diocese. Aqui estive 12 anos (de 1975 a 1988). Contribui para e educação das meninas, ensinando a bordar, a forrar cestos, etc.
A 4 de
Setembro de 1988 fui com mais 3 Irmãs dar
inicio à Fundação de uma Comunidade nos Açores, Ilha de S. Miguel, vila do Nordeste.
A finalidade da ida das Irmãs foi o assumir o Lar de Crianças e Jovens em
Risco, o Jardim de Infância e o artesanato da mesma Instituição – “Casa do
Trabalho”. Também colaborámos na Pastoral da Paróquia e no Lar de Idosos. Nesta casa estive 18 anos, desde a abertura ao
fecho da Comunidade. A maior parte do
tempo exerci o serviço de prioresa e colaborei com a Direção na administração
de toda a “obra”.
A 30 de
Setembro de 2006 fui novamente para a Ilha da Madeira, para a mesma Comunidade.
Continuei a apoiar no Internato, tendo a responsabilidade total de um grupo de
14 meninas, residentes numa das 5 casas, em que se subdividia o Lar das
Crianças e Jovens em risco.
De 13/10/2013
ao Verão de 2016 – Integrei a Comunidade de Portimão, que também se dedica ao
acolhimento de Crianças e Jovens em risco. Estive responsável de um dos Blocos
do dormitório de meninas (de 10 utentes), cuidando do grupo, vigiando e
ensinando a prepararem-se para no futuro serem umas boas donas de casa. Esta Instituição recebia
muitos donativos em bens alimentares, roupas, calçado, brinquedos, material escolar, etc. Algum do
meu tempo era ocupado a fazer a triagem para também distribuirmos com os mais
pobres da Comunidade envolvente.
Para Paderne, Comunidade de Inserção, vim a 7/10/2016. Também foi o inicio da nossa presença Dominicana neste concelho algarvio (Albufeira). Aqui ocupamo-nos de atividades diversas junto do povo, sobretudo visitas a idosos doentes em suas casas e aos Lares de Idosos. Sempre que possível, temos momentos de oração. Colaboramos com o pároco, nas suas três Paróquias (Paderne, Boliqueime e Ferreiras), na Catequese, na limpeza dos vasos sagrados, nas diversas Celebrações Comunitárias em diferentes locais e nas reuniões dos Conselhos Pastorais, etc.
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