São Pedro: Portas automáticas e São Paulo


São Pedro (Igreja da Misericórdia - Pedrogão grande)

A 29 de Junho com os populares matros enfeitados nos bairros, ou arraiais maiores ou menores, por todo o Portugal celebra-se São Pedro, que culmina as chamadas "Festas Populares"; com a sardinha, a febra o caldo verde e o arroz doce, tudo bem regado conforme os gostos!  Só a nível litúrgico temos a noção, que a Igreja celebra também Sâo Paulo, menos popular, entre nós portugueses. 
As leituras da missa oscilam entre São Pedro e São Paulo, detive-me na primeira leitura dos Atos  dos Apóstolos: 

"Naqueles dias,o rei Herodes começou a perseguir alguns membros da Igreja. 
Mandou matar à espada Tiago, irmão de João, 
e, vendo que tal procedimento agradava aos judeus,mandou prender também Pedro (...) e meter na cadeia,entregando-o à guarda de quatro piquetes de quatro soldados cada um, (...) 
Enquanto Pedro era guardado na prisão, a Igreja orava instantemente a Deus por ele.
Na noite anterior ao dia em que Herodes
pensava fazê-lo comparecer,
Pedro dormia entre dois soldados,preso a duas correntes,
enquanto as sentinelas, à porta, guardavam a prisão.
De repente, apareceu o Anjo do Senhor
e uma luz iluminou a cela da cadeia.
O Anjo acordou Pedro, tocando-lhe no ombro, e disse-lhe:
«Levanta-te depressa».
E as correntes caíram-lhe das mãos.
Então o Anjo disse-lhe:
«Põe o cinto e calça as sandálias».
Ele assim fez.
Depois acrescentou:
«Envolve-te no teu manto e segue-me».
Pedro saiu e foi-o seguindo,
sem perceber a realidade do que estava a acontecer
por meio do Anjo; julgava que era uma visão.
Depois de atravessarem o primeiro e o segundo posto da guarda,
chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade,
e a porta abriu-se por si mesma diante deles. 
Saíram, avançando por uma rua, e subitamente o Anjo desapareceu.
Então Pedro, voltando a si, exclamou:
«Agora sei realmente que o Senhor enviou o seu Anjo
e me libertou das mãos de Herodes e de toda a expectativa do povo judeu»"

Confesso que a imagem de Pedro seguindo a luz e passado, qual fantasma perante os guardas e pelo portão que se abre, como um automático portão do século XX ou XXI, toma forma na minha cabeça e me faz aflorar o sorriso aos lábios. Também no mesmo livro as viagens de São Paulo, a sua pregação, os seus infortunios, por vezes parece um robot, levado pelo Espírito Santo, de tal modo que, o seu corpo é agredido, mas nada enfraquece a vontade férrea de Paulo, de fidelidade ao Cristo que perseguiu. 
Poderão estes textos sobre um olhar científico parecerem hiperbolizados, ou então de uma espiritualidade desencarnada, porque a Igreja reza, São Pedro é libertado milagrosamente e nem é um episódio isolado nas Escrituras. O que pode levar a uma relação causa/ efeito que é verdade, mas bão é essa forma mágica em gostaríamos de transformar a Oração. Contudo, eu prefiro a leitura, de que a comunidade orante, é a base do cristão, o que o alimenta e o sustém, que o pode libertar de correntes e guilhões, sejam interiores,  os piores, ou exteriores. Como saiu Pedro da prisão? Ah não sei... Nem o texto mo pretende descrever... Sei que na vida acontecem episódios que contados ninguém acredita... Sei que o meu Deus é Trindade, logo é comunidade... Por isso, um cristão não se salva sozinho... Por isso festejamos São Pedro, das chaves e das portas que se abrem e São Paulo que resiste, às agressões orais e, sobretudo, fisícas dos judeus... Este Saulo tornado Paulo, Apóstolo, que não contente com as viagems e tantas Igrejas que visita e funda... Ainda percebeu que Deus o chamava a Roma, para também lá ser testemunho de Cristo para todo o império! 

Com as precauções que o amor ao próximo e o respeito por mim, exigem neste tempo de pandemia, que com Pedro e Paulo nos deixemos libertar... E festejemos! 

 Pablo Burmester

Ir. Flávia Lourenço, op 

Com o sangue dos Apóstolos
Este dia se consagra,
Em que São Pedro e São Paulo
São coroados de glória.

A mesma sorte os uniu
No mesmo penhor de sangue:
Por Cristo deram a vida,
Cristo lhes deu o diadema.

Pedro ouviu a voz de Cristo,
Foi pastor do seu rebanho.
Paulo, de perseguidor
Transformou-se em vaso eleito.

Braços pregados na cruz,
Na cruz suspenso, Simão,
A Deus honrando, alcançou
As palmas do testemunho.

Por isso Roma, orgulhosa
Do seu martírio, lhe ergueu,
Em sinal de devoção,
O mais nobre monumento.
Yael Portabales

E de todo o mundo acorrem
Até Roma os peregrinos:
Roma que é centro dos povos,
Cabeça da Cristandade.

Nós Vos pedimos, Senhor,
Nos junteis aos dois Apóstolos
Na alegria incorruptível
Da vossa eterna presença.


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