5º Domingo: Descrença


5º Domingo da Quaresma
EVANGELHO Jo 12, 20-33

Aproximamo-nos acelaradamente da Páscoa, alguns de nós olham para a agenda procurando um espaço esquecido onde consigamos reorganizar as tarefas. Com o desconfinamento progressivo, com o stress porque se trabalha muito, porque há gente de baixa… Ou porque não se trabalha… Porque não podemos comprar as coisas que queremos… Ou porque nem temos dinheiro para comprar o essencial… Porque os miúdos continuam em casa e é uma bagunça… Ou porque já há aulas e eles perderam os hábitos de se despachar para ir para a escola… Porque estou em teletrabalho farta sem ver ninguém… Ou porque tenho de ir trabalhar e podia estar em teletrabalho… Por tudo e por nada... mas o tempo passa e a Páscoa aproxima-se…

Para muitos tempo de festas, de doces, mas vazio de sentido! Estamos num tempo de descrença, descrença de Cristo; do sentido religioso da Páscoa; descrença da Igreja; descrença das notícias, dos políticos, das vacinas, por vezes, descrença dos colegas, até da família ou de nós próprios. Este excerto do  Evangelho de São João fala-nos de uns gregos, convertidos ao monoteísmo que querem ver Jesus! Ao contrário da corrente do seu tempo, estes homens provenientes da rica cultura helenística querem “ver”/ conhecer/ entender/ acreditar…

Para todos aqueles que vivem a quaresma, e que como os gregos se preparam para ver Jesus, para abraçar a fé pelo batismo, os chamados “catecúmenos” teriam neste 5º domingo “os seus terceiros «escru­tínios»: última «chamada» para a Liberdade antes da Noite Pascal Batismal[1]. ESte ano estou particularmente atenta porque preparo um jovem para o baatismo, se bem que este ano, não será na Vigília Pascal, mais uma consequência da pandemia, adiar datas... 

Contudo no meio da descreça há quem caminhe pela fé! Há quem esteja disposto a morrer como o grão de trigo para renascer… Filipe e André, são aqueles que no início procuram Jesus e chamam outros… São esta ponte para Deus… Apesar de tantos adiamentos e transtornos Deus não adia... Não deixa para amanhã para quando formos melhores o seu Amor por nós! E eu? Em que Deus acredito? Sou capaz de falar Nele? Porque vai sempre haver stress… Porque vais ter sempre coisas para fazer… Ou não te apetecer… Vais adiar? PÁRA… E escreve a Jesus, ao Pai ou ao Espírito Santo: Quais as tuas descrenças» Em que acreditas? Conta-lhe tudo, porque ninguém te ama como Ele!  

Termino um texto inspirador do D. António Couto, Bispo de Lamego: 
Ainda agora abri a página em branco do deve-e-haver
Desta última etapa da Quaresma.
Não sei ainda os registos que nela se farão,
Mas já sei que, ao terminar o dia,
A página agora aberta transbordará de perdão e de alegria.
 
É essa a lição que se recebe do grande Salmo deste dia:
«Faz-me graça, ó Deus, segundo o teu amor,
Segundo a multidão das tuas misericórdias!
Apaga as minhas transgressões,
Lava-me e relava-me da minha iniquidade,
E do meu pecado purifica-me!».
 
Graça, amor, misericórdias:
É a tua bondade aqui três vezes dita.
Transgressões, iniquidade, pecado:
É a minha maldade aqui também três vezes repetida.
 
Tu e eu sempre frente-a-frente,
Sempre lado-a-lado:
Teu é o amor, meu é o pecado.
Mas vê-se bem que esta luta tem um vencedor antecipado:
Sim, o teu amor acaba sempre por vencer o meu pecado![2]

Ir. Flávia Lourenço, op
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