Dominismissio - As familias
Testemunho de Eliana
Olá, o meu nome é Eliana Ferreira e venho de Gaia. Tenho 23
anos e esta é a minha primeira vez no Dominismissio. Abracei esta experiência
graças ao convite da irmã Flávia e, embora ao sair de casa tivesse dúvidas de
onde me ia meter, estou a adorar esta experiência.
Este ano a aventura é em Pedrogão, lugar que o ano passado
sofreu um grande flagelo. Um ano depois, as cicatrizes ainda são bem visíveis,
aliás, algumas nem sequer começaram a fechar, mantendo-se em feridas abertas.
Hoje tive a oportunidade de visitar uma familia que, infelizmente, perdeu
alguns dos seus durante os incêncios. Já tinha ouvido imensos relatos de
familias através dos jornais, televisão e redes sociais. Mas nada nos prepara
para o impacto que é ouvir esses relatos em primeira mão. De ver e sentir a dor
dessas familias. Costumo ser uma pessoa expressiva e comunicativa, mas confesso
que, ao deparar-me com tamanha tristeza nos olhares e pesar nos corações, as
palavras não saíram. O que também mexeu comigo foi o facto de o tempo aqui ser
medido pelo tempo que se passou desde o incêndio. Como se vivessem numa
realidade “paralela” à nossa, que começou no dia do incêndio. Estas famílias
usam expressões como “foi pouco depois do ano” para se referirem a algo que
aconteceu pouco depois de os incêncios terem feito um ano. O abalo ainda é tão
grande que não se conseguem desligar ainda dessa data. Afinal, foi uma data que
mudou as suas vidas para sempre. O medo que sentiram, por si mesmos e pelos
outros, e a dor que sentiram ao perder alguém que amavam é algo inexplicável e
a dor que se vê nos seus olhos é algo inexplicável, mas que mexe profundamente
connosco. Mais do que as palavras, são as lágrimas que caem que nos falam ao
coração.
Antes de partirmos todos os dias para as atividades, na
oração da manhã é-nos dado um desafio, o de hoje foi ser semente do Amor de
Deus. Foi isso que fez com que a minha voz finalmente aparecesse e que
encontrasse palavras de conforto para dar a esta familia. E assim torna-se
fácil dar-nos a alguém que já perdeu tanto mas que continua a acreditar n’Ele. É
o escutar, dar um pouco de conforto e mostrar o nosso mais belo sorriso, mesmo
que a vontade seja chorar junto com as pessoas, que no fim faz a diferença. Cheguei
a casa com um turbilhão de emoções dentro de mim, mas com a certeza de que
deixei lá uma semente de carinho, amor e compreensão. E trouxe também comigo
uma semente de esperança e de fé.
Não sei que aventura o amanhã nos dará, mas agradeço a Deus
pela oportunidade de hoje e por me ter feito crescer mais um bocadinho. Que Ele
nos continue a dar novos desafios todos os dias!
Eliana Ferreira
Eliana Ferreira
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