Sobre Taizé…
A proposta era uma semana de
reflexão para jovens dos 18 aos 35 anos, parecia perfeito, não fosse a viagem e
a alimentação. Isto nunca me faz por em causa a minha participação. E
curiosamente, com o aproximar da data de partida os receios foram-se
dissipando.
Fiz as malas, carreguei todos os
problemas que me preocupavam, abri o coração, e parti.
A viagem é longa o suficiente
para pensarmos ao que vamos e para que vamos…
Chegar a Taizé, pelo menos para
mim que era a primeira vez, é um alívio da saída do autocarro e a curiosidade
de ver tudo o que nos rodeia.
No dia da chegada, no final da
oração da noite, resolvi passar para o papel o que sentia, escrevendo:
Tímida,
é como me sinto…
Tímida
como uma criança que chega pela primeira vez a um espaço, mas não é essa
timidez que me vai deter. Como falava o Pe. Rui na missa de envio, quero ser
como uma criança disposta a experimentar.
Aqui
estou Senhor, diante de ti, pronta para de ouvir e disposta a falar.
Hoje
quando cheguei a esta igreja, fechei os olhos, ouvi os pássaros e a brisa lá
fora, logo percebi o porquê de estar aqui.
Senti-me
a caminhar para ti, pronta para despir todas as minhas capas e encontrar-me
Contigo.
Logo percebi que se quisesse
realmente absorver o que Taizé tinha para me dar teria de despir todas as capas
que carrego comigo, retirar as máscaras e colocar-me diante d’Ele. Isto só
começou a tornar-se possível ao segundo dia, em que logo na oração da manhã senti
que já estava a olha-Lo frente, sem medos, sem vergonha e preparada para sentir
o Seu amor.
E assim foram estes dias na
comunidade, sem medo de falar, de observar, de abraçar, sem medo do silêncio
que por vezes foi perturbador, sem medo de todos os dias começar de novo.
Com a comunidade aprendemos o
verdadeiro significado da palavra acolhimento, leva-nos a pensar na forma como
acolhemos o outro na nossa casa, na nossa vida e na forma como nos comportamos
com as pessoas com que nos cruzamos no dia-a-dia. Ali naquela pequena aldeia,
tanta gente tão diferente, leva-me a crer que foi nisto que Deus pensou quando
criou o Homem. Esta visão envergonhou-me, principalmente quando me questionei
da forma como recebo Cristo na minha vida, eu que ando sempre cheia de pressa
para tudo, talvez muitas vezes não me aperceba de como Ele me abordou através
do outro.
Em Taizé houve tempo para pensar,
tempo para discernir, e os problemas que carreguei antes de partir, quando me
sentei para os rever, curiosamente, tive alguma dificuldade para me lembrar
deles.
Porquê? Porque diante de tudo
aquilo, e diante de Deus, os meus problemas tornaram-se apenas situações a
resolver.
Com o passar dos dias
questionava-me de como seria regressar a casa, e ao 6º dia durante a oração do
meio dia, no momento de silêncio, escrevi:
Quando
a poeira entra para os nossos olhos, temos de lavar o rosto para voltarmos a
enxergar melhor. Sinto que esta vinda a Taizé servirá para “limpar” o meu
coração e a minha mente da poeira do dia-a-dia. Permitindo-me olhar o mundo com
outros olhos e com mais amor.
Com
isto confesso que o medo de regressar à rotina existe, e a questão que se
coloca é… E agora? Não voltarei a Taizé nos próximos tempos, que “água”
utilizarei para lavar os meus olhos?
A
resposta está no que ontem o irmão David partilhava connosco no encontro por
países…
Aquilo
que vivemos em Taizé, não é Taizé, é Cristo, e Ele está e vai connosco.
Regressei a casa com a certeza de
que Taizé possibilitou um reencontro e que haverá sempre um sentimento de paz quando
recordar estes dias possibilitando que esta chama continue acesa.
Termino com uma frase de Santa
Catarina de Sena, partilhada no guião que acompanhou o meu grupo durante a
viagem: "Jovens, se fores aquilo que
Deus quer, pegareis fogo ao mundo"
Um abraço,
Ana Cristina
Sempre tão Unica e surpreendente :) adoro
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