III - Catarina de Sena - Inspira... Inspira-te...

3º Dia – 25 de abril

 Fazer doces– Quem não gosta? 
Sempre que olho para as redes sociais, sobretudo, nestes dias de confinamento tenho visto muitas fotos de doces, supostamente feitos pelas pessoas que postam nas Redes Sociais. Para portugueses ou italianos, povos latinhos, a mesa e a alimentação são espaço de convivio e de festa muito importantes. De Santa Catarina as pessoas tem a ideia de ter recebido os estigmas, de muitos eventos místicos e de longos jejuns, para além de nos últimos anos não conseguir ingerir alimentos, com excepção da Sagrada Comunhão. Por tudo isso quando numa das biografias, muito conceituada, li que Santa Catarina  gostava de fazer arroz doce para os sobrinhos, achei este aspecto delicioso, humano e sensível. Por isso o vamos recordar… Perceber seu sentido!


LEITURA: 
(…)Sede-me uma árvore de amor, enxertada na árvore da vida, Cristo Doce Jesus. Desta árvore nasça a flor, para conceber no vosso afecto as virtudes e o fruto,  (...). O qual fruto no seu princípio parece que seja amargo, tomando-o com a boca do santo desejo; mas como a alma deliberou em si o querer sofrer até à morte por amor de Cristo crucificado e por amor da virtude, assim se torna doce. Assim, como algumas vezes tenho visto que a laranja, que em si parece amarga e forte, tirando-lhe aquilo que está dentro e pondo-a de molho, a água tira o amargo; depois enche-se com coisas agradáveis e, por fora, cobre-se de ouro. E para onde foi aquele amargo que, no seu princípio, com desagrado o homem levava à boca? Na água e no fogo. Assim, Santísismo Padre, a alma concebe amor à virtude(…). Pode-se dizer (e assim é a verdade), que o fogo e a água levaram o amargo, esvaziada aquela do que primeiro ali estava, ou seja o amor-próprio; depois novamente enchida com um reconfortante de fortaleza, com verdadeira preseverança e com uma paciência misturada com o mel da profunda humildade, encerrado no conhecimento de si; porque no tempo da amargura a alma melhor se conhece a si e à bondade do seu Criador. Cheio e tornado a fechar este fruto, aparece o ouro por fora, e que circunda o que está dentro. Este é o ouro da pureza, com o brilho da afogada caridade, o qual sai para fora, manifestando-se em utilidade do seu próximo, com verdadeira paciência, levando-o constantemente com a mansidão que devemos ter, de doer-nos pela ofensa de Deus e dano das almas.(…)
                                                                                                                                                                                      In Carta a Urbano VI; (Talvez dezembro de 1378)

Reflexão:
 Santa Catarina ao procurar acalmar o caráter, um tanto ou quanto intempestivo, do Papa Urbano VI  começa por lhe pedir que seja uma arvore enxertada na árvore da Cruz, verdadeira árvore da vida; Nas várias cartas que dirige a este Papa Catarina exorta-o a encaminhar os diversos rebeldes (que se insurgiram contra Roma ou contra o poder papal) a um processo de conversão da alma, mais do que a duros castigos. Compara a correção, a conversão da alma ao processo de cristalização da laranja.  O auto-conhecimento, a consciência dos dons e fraquezas e da necessidade de Deus é central na mística catariniana. Tal como cristalizar a fruta exige a água  e fogo; a conversão é semelhante, também precida de água, que é o dom da graça e o fogo, que é o “fogo de amor” que levou Cristo à cruz para nos salvar. Ela  mostra-nos como a alma sempre se alegra na presença de Deus; seguindo o exemplo de Santa Catarina, devemos procurá-Lo em todos os momentos da vida. Em tudo o que fazemos.

 Pensamento:
Quem tem discernimento, qualquer que seja o seu estado de vida: patrão, prelado ou súbdito, sempre trata o próximo com amor.
Caridade e discernimento estão intimamente entrelaçados; ambos se enraízam no solo da verdadeira humildade, sendo esta o fruto do auto conhecimento. 


Desafio deste dia:
Gostas de fazer tarefas em casa? Observa a tua família, estes com quem tens estado mais nos ultimos dias, oferece-te e realiza uma tarefa doméstica. Serás capaz de escolher uma que não gostes?
                                                                                                                                                    Ir. Flávia Lourenço, op 

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