Peregrinação a Santiago: Fazer Caminho

“A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho.”

Peregrinar até Santiago de Compostela foi, novamente, um desafio para mim. Ao contrário do que sempre pensamos, uma peregrinação não nos afeta apenas fisicamente, mas sim emocionalmente. E afetar não tem um mau sentido.
 

Tal como o Papa Francisco tantas vezes nos diz, estava na hora de calçar as sapatilhas e fazer caminho. Fazer caminho comigo mesma, fazer caminho com o grupo e, acima de tudo, fazer caminho com Ele. E o quão sortuda sou por caminhar ao lado d’Ele!

Esta peregrinação foi desafiante a todos os níveis e muitas vezes Deus disse-me “Confia”. E é difícil confiar por vezes. É difícil ter fé quando a dor física está a levar a melhor. Porém houve sempre uma certeza para mim: “Deus caminha ao vosso lado, nunca vos deixa desamparados. Nunca percam a esperança! Nunca deixem que ela se apague em vossos corações.” (Papa Francisco). E acreditem, saber que Deus caminha ao nosso lado dá-nos toda a esperança que necessitamos para aguentar, porque afinal de contas “Para cada prova uma… esperança”. 

Foi a segunda vez que peregrinei até Santiago, este ano com um novo percurso e com um novo grupo, e a verdade é que não poderia ter sido melhor. Não existiu a sensação de repetição que receava, não existiu o medo de não me integrar. Existiu fé, muita fé em Ti, e muita fé nas pessoas com quem caminhei. Uma fé que move montanhas e uma fé que uniu um grupo de desconhecidos numa caminhada de autodescoberta.

Ao regressar a casa deparei-me com esta passagem de Santo Agostinho: “Meu Senhor, minha única esperança, faz que, cansado, eu não cesse de Te buscar, mas procure o Teu rosto com ardor.” E, mal passei os meus olhos nela, percebi que resumia na perfeição aquilo que senti ao longo da peregrinação. 

Agora, em casa, olho para trás já com saudade. Olho para mim e vejo uma pessoa diferente, vejo alguém que em seis dias cresceu na fé. Vejo alguém que não tem mais receio de confiar em Deus, porque mesmo nos maiores obstáculos, Deus deu-me a mão e fez-me continuar, porque mesmo quando tive que parar, Deus sentou-se ao meu lado e deu-me esperança para acreditar que ia recuperar.

E agora o caminho continua, não até Santiago, mas até à certeza de que Deus é Amor, e que é um amor capaz de abalar o mundo.

Joana Sofia Moreira

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