Peregrinação a Santiago: Um Caminho que se revelou

Diz um proverbio romano “Vá em frente e deixe as pessoas irem junto”.

Parti neste caminho sem grandes expectativas, mas com muitas tribulações.  Um caminho que se revelou ser o da (re)descoberta e do (re)encontro. 
O que custou mais? O que custa mais é sempre o primeiro passo! Aquele “SIM” “VOU”! Vou fazer-me à estrada com toda a angustias, com toda as incertezas, com a minha “BAGAGEM”.   
Parti destemido do destino e de tudo o que poderia vir a ser! Deixei para trás a segurança e o conforto da terra conhecida. Fiz-me à estrada sem medo de me perder (por vezes precisamos de nos perder para nos reencontrarmos depois).
Cada passo sentido, cada metro distanciado de tudo o que ia ficando para trás, a nitidez da visão trazia as respostas do que SOU e do que QUERO SER!  E nestas surpreendentes descobertas do que SOU… e do COMO SOU….  procurei incansavelmente, na imensidão do horizonte azul, a razão do “PORQUE SOU”. 

Neste caminho perseverante, mas por vezes também desesperante, viajei pelo meu ego, pela raiz da alma e fui em busca da minha (e)terna demanda do que PODEREI EU (ainda) SER! De olhos abertos, confiei a DEUS a minha procura. Às vezes custa…  custa muito. A “BAGAGEM” DA VIDA é tão pesada. Custa tanto aceitar…. Aceitar-me e aceitar o outro. Custa muito viver com as amarras presas aos pés que me impedem de avançar… de PARTIR!

O PASSADO é passado.  As pérolas, essas guardo-as no baú do coração… o lixo na reciclagem das aprendizagens e o tóxico enterro no esquecimento PERDIDO. 


No amor infinito e infindável de DEUS procurei o PERDÃO e a PAZ.  Perdoar-me e perdoar o próximo pode ser uma tarefa difícil, mas se DEUS é misericórdia, também devo encontrar no SEU perdão… o meu perdão e o saber perdoar também quem magoa e faz magoar. 
O caminho da vida é uma busca incansável, uma busca sedenta de paz e de água viva.

Neste longo peregrinar entreguei o meu coração solto, puro, totalmente à VIAGEM do EU… Na redescoberta dos dons que há em mim e que DEUS faz crescer a cada dia que olho para o fundo do meu SER com o SEU olhar.

A cada etapa germinava a ESPERANÇA de um dia tudo aceitar, tudo perdoar, tudo e todos AMAR!
O “sem sentido” do agora terá o seu propósito no amanhã. Num futuro que não antecipo, não anseio porque o meu tempo é o tempo do agora - o tempo do “PEREGRINAR” com verdade e amor.

A peregrinação não terminou em Compostela, mas segue pela vida fora. 

Um verbo em “timorguês” ficou presente na minha memória - Hamutukar!
Em tétum Hamutuk significa JUNTO.  Quando hamutukamos e seguimos unidos por esta FÉ, nestes laços tão humanos e tão divinos, vamos em frente e levamos os outros connosco.  E com certeza que juntos (hamutuk) vamos mais longe. 
 
 
  Pedro Lázaro

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