Peregrinação a Santiago: “Queira eu o que Deus quer”

Já em casa, de malas desfeitas e sapatilhas de lado, olho para a semana que passou como se fora utopia. 

De forma contraditória, parece ter começado há tanto tempo, mas ter passado tão rapidamente. Agora, é tempo de digerir o que vivemos nestes dias a Caminho e a caminho de Santiago. 

A peregrinação a Santiago de Compostela é bem mais do que os percursos que seguem ao destino da caminhada. Na verdade, é tudo aquilo que permitirmos que seja. Para mim, esta foi uma semana de reencontro com Deus, comigo e com quem vai caminhando ao meu lado. Todos os quilómetros percorridos, em festa ou em silêncio, entusiásticos ou morosos, deram-me a oportunidade de reparar e repensar.

Este caminho que percorri pela segunda vez não soube, de forma alguma, a repetição. Pelo contrário, foi a chance para “encostar a porta” que, há dois anos atrás, tinha deixado entreaberta e nem tinha dado conta... Foi tempo de responder a algumas dúvidas, de reconhecer o meu valor, sabendo que Deus ama a cada um, e de aceitar as minhas falhas com tranquilidade, sabendo que a mudança está a acontecer a cada dia e que para ser duradoura deve ser gradual.
Antes de aceitar este desafio, não tinha a certeza de que devia ou de que precisava de o fazer. Mais tarde, o caminho encarregou-se de me esclarecer. 

Hoje, posso dizer que o meu “copo” está cheio a ¾ - tem tudo aquilo de que preciso, com tantas coisas boas e outras que me fazem crescer, mas com espaço livre para as oportunidades maravilhosas que ainda vão surgir e para as pessoas fantásticas que, sem dar conta, me vão ensinando tanto.







Em jeito de conclusão, deixo a oração de S. Francisco de Assis, que me acompanhou neste Caminho. 

"Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz:
onde houver ódio, que eu leve o amor;
onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
onde houver discórdia, que eu leve a união;
onde houver dúvida, que eu leve a fé;
onde houver erro, que eu leve a verdade;
onde houver desespero, que eu leve a esperança;
onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido;
amar que ser amado.
Pois é dando que se recebe;
é perdoando que se é perdoado;
e é morrendo que se vive para a vida eterna."
Sofia Moreira

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